Ethan Grant

Olhei para Ethan assim que o ouvi rir-se e abanei a cabeça, esboçando um pequeno sorriso, eu estava decidida.
- Não.- murmurei.- nós temos de ir ao jardim, tu queres ir ao jardim.- encolhi os ombros.- por isso, vou continuar a descer até lá chegarmos.

-Eu gosto tanto de ti assim - murmurei - decidida - acabei por confessar apertando-lhe o corpo, encostando-a ao meu e juntamente com ela desci um degrau. Desta vez era eu que ia caindo, mas segurei-me a tempo no corrimão, só depois percebendo que para que estivesse assim tinha que a ter largado. Agarrei-lhe a tempo no braço e arregalei os olhos, levantando a cabeça devagarinho - vamos para o jardim - murmurei agarrando-a ao colo com força.

Sorri ao ouvi-lo falar e acabei mesmo por mordiscar a parte de dentro da minha bochecha com um sorriso meio envergonhado. Apesar de gostar de o fazer ficar orgulhoso, ou pelo menos era o que parecia.
- Eu só fico assim por tua causa.- olhei-o, toda encostadinha ao seu corpo.- tu ajudas-me e fazes-me sentir segura para poder ter confiança em mim própria.- sorri-lhe e ao perceber que ele queria descer um degrau comigo, eu levantei um pé, mas as coisas não correram muito bem. Ethan desequilibrou-se, tendo de me largar para se manter de pé e eu, apanhada desprevenida, tropecei nos meus próprios pés, não caindo por sorte pelas escadas a baixo. Ou melhor, graças a Ethan e à rapidez dos seus movimentos. Ainda de olhos arregalados, e com o coração a mil, escondi a cara no seu pescoço mal pegou em mim ao colo, assentindo. Está tudo bem Franckie, ele ajudou-te. Repeti mentalmente, relembrando-me que só não me tinha magoado a sério graças a ele. Devia ter-me agarrado melhor ao corrimão.- estás bem? - perguntei ao fim de algum tempo, levantando o olhar para o dele.- não te aleijaste, pois não? - olhei-o com atenção.- e eu estou bem, seguraste-me a tempo, como sempre.- dei-lhe um beijinho no queixo para que não ficasse todo nervoso.

Eu ainda gostava de perceber como é que aquilo tinha acontecido, como é que eu tinha tropeçado nos meus pés daquela maneira. Se calhar ela estava a melhorar e eu a piorar. Passei as mãos pelas suas costas e assenti muito com a cabeça - sim, eu estou bem. Só... - fechei os olhos quando ficamos a salvo das escadas e ao mesmo tempo senti o seu beijinho - estás bem não estás?

Afastei a minha cabeça do seu pescoço, mas só um bocadinho, e deixei-a encostada ao seu ombro, enquanto olhava para as escadas à medida que ele as descia. Desviei o olhar para ele assim que falou e assenti.
- Eu estou bem, está tudo bem, não te preocupes.- rocei os meus lábios na linha do seu maxilar, dando-lhe também um beijinho lá e fiz-lhe festinhas no peito.- tem calma.

Sentei-me num banco, continuando a agarra-la com força nos meus braços, não deixando que se mexesse. Assenti com a cabeça mordendo o lábio - desculpa - murmurei - quase que te fazia cair das escadas abaixo - murmurei olhando os seus olhos. - agarrando na mão que estava no seu peito, levando-a até aos meus lábios.

Pela força com que me agarrava contra ele eu percebia que tinha ficado perturbado com o que tinha acontecido, ou melhor, com o que tinha quase acontecido. Deixei que me abraçasse com força, ficando quietinha nos seus braços, eu gostava de estar assim.
- Não peças desculpa, eu estou bem, a sério.- assegurei, roçando os meus lábios na sua bochecha e quando agarrou na minha mão, rocei os meus dedos nos seus lábios, entrelaçando-os depois nos seus dedos.- dá-me beijinhos e pára de pensar nisso, está tudo bem.

Assenti muito quando disse que estava bem. Eu sabia que a tinha agarrado a tempo, mas se isso não tivesse acontecido podia ter sido grave. - Eu dou - murmurei aproximando os meus lábios da sua bochecha, dando-lhe lá um beijinho para depois encostar a cabeça no seu pescoço encostando-a mais a mim, roçando o meu nariz na sua pele. - Eu amo-te - murmurei.

Ele não precisava de estar tão preocupado, tinha-me agarrado a tempo, e isso é que importava. Sorri ao sentir os seus lábios na minha bochecha e depois no meu pescoço e encolhi-me ligeiramente, agarrando-me ao seu corpo. Mordi o lábio com força assim que o ouvi dizer que me amava e cheguei-me ainda mais para ele, roçando os meus lábios na sua testa.
- Eu também te amo.- disse no mesmo tom que ele.- mesmo muito.

Fechei os olhos ao sentir sos seus lábios na minha testa e abracei-a com força sorrindo um bocadinho ao ouvi-la dizer que me amava mesmo muito. Acho que podia começar a repetir mais vezes, gostava de ouvir que era recíproco, mas mesmo assim, não queria gastar a palavra.
-O que é que vamos fazer amanhã? - perguntei - quero fazer uma coisa diferente.

Sorri com a sensação de protecção que o seu abraço me dava e deixei-me estar quietinha nos seus braços, dando-lhe um beijinho na testa e encostando depois a minha cabeça na sua. Fiquei no jardim enquanto o ouvia falar e pensei em algo que pudéssemos fazer.
- Se conseguíssemos podíamos ir à piscina.- disse, lembrando-me logo do que tinha acontecido da outra vez, do segurança. Cheguei-me ainda mais para ele, abraçando o seu corpo, como que a assegurar que ele não saía dali e mordisquei o meu lábio.- ou então, podíamos...fazer um piquenique.- ri-me baixinho.- há um esconderijo aqui perto, podíamos ir para lá.- encolhi ligeiramente os ombros.

Levantei o olhar para os seus olhos quando falou em ir para a piscina e estremeci ligeiramente, não gostava nada daquele segurança ainda e.. elas... também não. Assenti muito com a cabeça - sim, um piquenique - olhei em volta e dei-lhe um beijo na testa - mas... com o que é que fazemos um piquenique? - peruntei levantando uma sobrancelha.

Fechei os olhos ao sentir o seu beijinho na minha testa e sorri levemente, agradecendo mentalmente por ele não ter escolhido a piscina. Sinceramente, não queria voltar lá por uns tempos, pelo menos até as lembranças daquele dia deixaram de estar tão presentes. Semicerrei os olhos com a sua pergunta e deitei a minha cabeça no seu ombro enquanto pensava.
- A comida podemos ir buscar ao bar.- assenti, concordando com as minhas próprias ideias.- agora só precisamos de um cesto e de uma toalha aos quadradinhos.- sorri. Costumava fazer piqueniques com os meus pais quando era pequenina, lembrava-me de como adorava correr atrás das borboletas, quando ainda podia fazê-lo..- quer dizer, não sei se vamos conseguir arranjar isso.- suspirei baixinho.- aqui não há nada.- resmunguei.

Fiquei a ouvi-la com atenção. Nunca tinha feito um piquenique, não sabia muito bem como o organizar, mas já tinha ouvido falar e sabia o que era. Encolhi os ombros - podemos ficar só debaixo de uma árvore - disse olhando para as nossas mãos. - não faz mal, é o costume. - olhei-a - acho que já estamos todos habituados - murmurei engolindo em seco. - Tenho saudades da minha irmã - murmurei do nada.

Entrelacei os meus dedos nos seus, fazendo-lhe festinhas na mão com o meu polegar e fiz um pequeno beicinho com o que ele disse.
- Não.- murmurei.- tu vais ter um dia diferente, deixa as coisas comigo, eu vou conseguir.- dei-lhe um beijinho na bochecha e assim que falou na sua irmã, eu fiquei mais direita, engolindo em seco.- nunca mais falaste com ela? - perguntei baixinho.

Assenti não insistindo muito, porque na verdade eu queria fazer uma coisa diferente, cinco anos era muito tempo ali, queria ir embora e fazer coisas a sério, mas.. Mordi o lábio com a sua pergunta e abanei a cabeça - Não - murmurei levantando depois o olhar para os seus olhos - mas segundo os médicos isso é bom, eles ficam felizes por saber. - disse entredentes.

Em parte, eu sentia-me culpada por a irmã de Ethan não aparecer. Pelo que eu me lembrava, ele tinha-me dito que ela não aparecia desde que eu tinha aparecido na vida dele. Só esperava não a ter assustado, eu não queria isso. Já tinha dado para reparar como ela era importante para ele. Suspirei baixinho quando disse que ela não tinha aparecido e abracei o seu pescoço, tocando-lhe com as pontinhas dos dedos no cabelo.
- Não ligues ao que eles dizem.- murmurei, assim que o vi ficar mais nervoso. Rocei os meus lábios no seu maxilar contraído e dei-lhe um beijinho lá.- ela deve estar assustada.- supus.- ela vai acabar por aparecer.- assenti, apesar de não saber o que dizia.- ela também tem saudades tuas.- encostei a cabeça no seu ombro.- onde é que a costumavas ver?

Encolhi os ombros - a Anne explicou-me, eu percebo - disse baixinho enquanto assentia. A felicidade deles em relação a mim não era reciproca. Mordiquei o seu lábio quando os roçou nos meus e abracei-a com força. Abanei a cabeça, ela não ia aparecer mais, eu sabia que não. Só o faria se eu me voltasse a sentir sozinho, mas sem Franckie eu não me sentia sozinho, o que queria dizer que ela não ia voltar se eu não me afastasse de Franks, e eu não me ia afastar dela, para isso. - Em todo o lado, mas principalmente aqui - olhei para o jardim.

Encostei a cabeça no seu ombro, ao sentir os seus braços em redor do meu corpo, protegendo-me fortemente. Eu tinha a certeza, eu sabia que ela não aparecia por minha causa. Eu tinha-a afugentado. Mas...eu não conseguia estar longe dele, eu dava em maluca..quer dizer, ainda mais. 
- Ela não aparece por minha causa..- não sabia se havia de afirmar ou perguntar, porque eu sabia.- é não é?

Baixei o olhar na sua direcção e mordi o lábio. Tinha medo de dizer o que quer que fosse, não queria afasta-la só para voltar a ver a minha irmã. Eu sabia que ela era só uma alucinação. Franckie pelo contrário, era real. Eu precisava de algo real e só ela é que me conseguia deixar minimamente são. - Sim - murmurei. - Mas não importa -disse logo enquanto abanava a cabeça. - eu quero que fiques comigo - continuei abrindo muito os olhos - não quero que te afastes por causa dela. Não te afastes.

Pois. Eu nem precisava que ele me tivesse dito nada, eu sabia que ela tinha desaparecido por minha causa. Mordi a parte de dentro da bochecha com força, abanando ligeiramente a cabeça e fiquei a olhá-lo enquanto falava. A verdade era que...eu queria que ele visse a irmã, eu sabia como ele gostava dela, mas por outro lado...era ele e eu..já tinha dado para reparar que não conseguia estar longe dele. Encostei a cabeça no seu ombro, baixando o olhar para as minhas mãos e suspirei baixinho.
- Eu não queria que ela se afastasse de ti por minha causa..- murmurei.

Assenti muito quando ela disse que não queria - eu sei, tu não tens culpa - murmurei - ela só.. desapareceu - encolhi ligeiramente os ombros e suspirei - mas não quero falar disso, não vale a pena e.. - olhei os seus olhos. - Eu amo-te - suspirei encostando a minha testa à sua. - é a única coisa que eu sei e que não é da minha cabeça.

Fui brincando com os meus dedos, não sendo capaz de o olhar e só o fiz quando encostou as nossas testas. Eu amava-o, mesmo, mas não suportava a ideia de que a irmã tinha desaparecido porque eu tinha aparecido na vida dele. Mordi o lábio com força, sentindo o meu coração bater mais depressa com o que ele disse no fim e cheguei-me mais para ele devagarinho, assentindo.
- Eu também te amo.- murmurei.

Sorri levemente, passando a mão pela sua bochecha e dei-lhe um beijinho nos lábios. - Ela não é real - murmurei, eu tinha demorado muito tempo a perceber isso, eu conseguia senti-la e falava com ela como sempre tinha sido, mas aos poucos eu comecei a envelhecer e ela ficou na mesma. Ficava sempre na mesma. Não podia ser real. Mas eu queria tanto que fosse - tu és - completei.

Suspirei contra os seus lábios, encostando a minha cara mais à sua mão e passei as pontinhas dos dedos pelo seu peito, parando depois na zona do seu coração.
- Ela vai ser sempre real aqui.- murmurei baixinho.- ela pode não estar connosco, mas vai ser sempre tua irmã e vai sempre amar-te, onde quer que esteja.- disse, tendo a certeza das minhas próprias palavras e sorri com o que ele disse depois, fixando o meu olhar no seu. Assenti devagarinho e rocei os meus lábios nos seus.- e tu és a única coisa boa que tenho, é por isso que não posso perder-te a ti também.- abracei-me a ele com força.