Ethan Grant

Olhei para a zona do meu coração quando ela disse que a minha irmã ia ser sempre real ali. Eu não conseguia acreditar, porque ia sempre haver um espaço vazio lá, sem ela cá. Mesmo assim, assenti com a cabeça. - Eu prefiro ficar com tudo - murmurei - qualquer que seja o preço - encolhi os ombros e encostei a cabeça ao seu ombro abraçando-a com força.

Eu já não sabia o que dizer mais. Não conseguia imaginar o que ele sentia, apesar de também não ter os meus pais. Eram situações diferentes, eram dores diferentes. 
- Eu sei.- disse baixinho, apertando o seu corpo com força contra o meu. Não sabia o que fazer para o ajudar.

Sorri levemente quando disse que sabia e levantei-me com ela ao colo. - Vamos dar um passeio, já descansaste - olhei para as suas pernas começando a andar devagarinho, esperando que ela começasse a andar também. Eu só queria esquecer aquela conversa, queria esquecer por um bocadinho a minha irmã, porque com ela vinha outra conversa, a minha mãe.

Agarrei-me ao seu pescoço quando o senti levantar-se e agarrei-me ao seu braço mal os meus pés pousaram no chão.
- Dá-me a mão.- pedi, entrelaçando os nossos dedos quando ela o fez e sorri.- vamos passear como namorados.- ri-me baixinho e encostei-me apenas ao seu braço. Eu ia conseguir.

Olhei para Franckie quando lhe pediu para dar a mão e hesitei, tinha medo que ela caísse e se magoasse, só de me lembrar do que ia acontecendo. Sorri levemente, acabando por lhe dar e esforcei-me para ficar mais atento.
-Consegues? - perguntei baixinho.

Olhei-o, vendo-o meio hesitante e dirigi-lhe um sorriso para que não se preocupasse.
- Vai correr bem, deixa-me tentar.- pedi, roçando os meus lábios no seu maxilar e assenti depois com a cabeça.- claro que consigo, não és tu que dizes que tenho de confiar em mim? - sorri-lhe.

Sorri ao perceber que estava a começar a ter alguma confiança em si própria e beijei-lhe a testa, endireitando-me enquanto lhe agarrava fortemente na mão. Porém, tinha os meus instintos todos apurados para o caso dela cair. - Sou, vamos tentar - sorri dando um passo na direcção das escadas.

Fechei os olhos com um suspiro ao receber o seu beijinho e encostei o meu corpo mais ao seu, respirando fundo. Eu tinha de conseguir, não queria cair desta vez, e acima de tudo, queria deixá-lo orgulhoso de mim. Apertei a sua mão, tal como ele me fazia a mim e baixei o olhar para os meus pés, tentando dar um passo sem me desequilibrar.

Fiquei a olhar para as suas pernas e sorri um bocadinho. Ela conseguir estar de pé só agarrada a mim pela mão era uma coisa que já merecia valor. - Tu consegues - disse baixinho olhando para os eu pé a querer mexer-se. Tive que olhar em volta, não queria que nenhum dos médicos ou enfermeiros ficásse chateado comigo.

Assenti com a cabeça ao ouvi-lo dizer-me que conseguia e abri os olhos devagarinho, olhando para os meus pés. Conseguia sentir as minhas pernas todas a tremer. Respirei fundo, apertando a mão de Ethan e levantei o pé com cuidado, pousando-o um boadinho mais à frente, fazendo o mesmo com o outro depois. O primeiro passo já estava. 
- Viste? Não caí.- levantei o olhar para ele com um sorriso enquanto rezava mentalmente para continuar equilibrada.

Abri os lábios num sorriso quando a vi dar o seu primeiro passo mas mantive-me no meu lugar. - Queres dar outro? - perguntei agarrando-lhe na mão com força - só mais uma, não te podes cansar, já fizeste muito hoje.  - aproximei-me apenas um bocadinho dela, para ter certezas que não caía.

Olhei para Ethan por cima do ombro, visto que ele estava mais atrás e assenti.
- Quero.- murmurei baixinho.- mas já não vou conseguir dar muitos mais.- suspirei.- as minhas pernas estão a doer.- confessei. Respirei fundo e antes que ele pegasse em mim ao colo, tentei dar mais um passo, quase caindo no chão quando as minhas pernas tremeram demasiado.- estou bem.- murmurei muito rápido, procurando agarrar-me ao seu braço.- eu estou bem.

Dei um passo ao seu lado e mordi o lábio mal disse que as pernas estavam a doer, era isso que eu não queria que acontecesse. Suspirei baixinho e estava mesmo para a pegar ao colo quando ela se ia desiquilibrando e caindo. - Sim - disse baixinho com o coração aos saltos. Agarrando-a ao colo como queria ter feito e beijando-lhe a testa. - Não podes forçar. Um passo já é bom.

Apesar de eu lhe dizer que estava bem, ele acabou mesmo por pegar em mim ao colo, como eu já previa. Suspirei baixinho, agarrando-me ao seu pescoço e encostei a cabeça no seu ombro. Fechei os olhos ao sentir o seu beijinho e encolhi os ombros.
- Mas eu queria dar muitos.- murmurei baixinho.- queria que ficasses contente.

Agarrei-a com força, não a queria deixar cair por nada. Levantei o olhar do chão para ela quando disse que me queria ver contentei e juntei as sobrancelhas - Eu estou contente - murmurei beijando-lhe os lábios enquanto andava mais devagarinho  - Eu estou mesmo - disse - podes ter só dado um, mas isso é o começo para dar mil. - toquei-lhe no queixo ficando a agarra-la por momentos só com uma mão - eu estou muito orgulhoso de ti.

Senti o meu corpo embater no peito de Ethan devido à força com a qual me agarrava e dei por mim a sorrir muito ao de leve. Ele tratava-me como se eu fosse uma boneca que se podia partir a qualquer momento. Levantei o olhar para ele depois de me ter tocado no queixo e mordiquei o meu lábio inferior, deitando a cabeça no seu ombro. 
- Estás mesmo? - perguntei baixinho.- é só isso que eu quero, que tenhas orgulho em mim.

Sorri passando os lábios pela sua testa e assenti com a cabeça. Nunca tinha ouvido isso ninguém, pelo menos não da pessoa que eu mais queria. - Eu tenho - garanti colocando-a no chão, encostando-a muito a mim - devagarinho e só porque estamos quase no meu quarto - disse olhando para a porta a menos de dois metros de mim.

Sorri genuinamente ao ouvi-lo dizer que tinha mesmo orgulho em mim. Era o que eu mais queria. Podia mais ninguém fazê-lo, mas desde que ele o fizesse, não precisava de mais nada. Aliás, eu não precisava de mais ninguém desde que o tivesse a ele. 
- Eu também tenho muito orgulho em ti.- murmurei enquanto o sentia colocar-me no chão e agarrei-me a ele, mantendo-me equilibrada.- está bem.- assenti.- tudo o que tu quiseres.- sorri inocentemente e comecei a dar passinhos pequeninos para chegarmos ao seu quarto.

Sorri quando disse que tinha orgulho em mim, eu queria que ela o tivesse, mas não era ela que mais queria. Era mesmo ela. A minha mãe. Pessoa que não queria ver à frente por isso nunca a ia orgulhar. Olhei para os seus pés para depois a agarrar e a deitar na cama - estás a fazer progressos muito rápidos - disse sentando-me ao seu lado. - Daqui a pouco já vais conseguir andar por aí a correr - ri-me baixinho.

Sorri assim que consegui chegar ao pé da porta e ia abri-la, mas Ethan pegou em mim ao colo. Ainda me doía as pernas, mas não era nada que eu não aguentasse. Soltei um suspiro ao sentir as minhas costas embaterem na cama e cheguei-me para ele assim que se sentou, rindo-me baixinho.
- Vou correr atrás de ti.- fiquei toda torta até conseguir deitar a cabeça no seu colo.- e depois vamos passear como namorados, sem eu me cansar de cada cinco em cinco passos.- fiz uma careta. Estiquei uma mão até à sua bochecha e acariciei-a.- obrigada, isto é tudo graças a ti.

Ri-me com o que ela disse e assenti - vais até ao altar em cima dos teus pés - brinquei com um sorriso afastando a sua cabeça do meu colo para lhe agarrar numa das pernas. - Não é  nada, é tudo graças a ti, tu é que estás a conseguir, eu só estou a ajudar. - sorri levemente começando a massajar-lhe aquela perna.

Estava a olhá-lo com a mesma cara de apaixonada de sempre e só tive tempo de arregalar os olhos com o que o ouvi dizer depois, sentindo o meu coração bater muito depressa. Repeti as suas palavras várias vezes na minha cabeça e um sorrisinho apareceu nos meus lábios, fazendo-me olhá-lo com atenção.
- Isso quer dizer que te vais querer casar comigo? - perguntei meia envergonhada e ajeitei-me na cama, de modo a poder pousar a perna no seu colo.- sim, mas se não fosses tu eu não conseguia.- encolhi os ombros, ainda a pensar no que ele tinha dito.

Fiquei a olha-la abrindo muito os olhos com a forma como me fazia a mim. Acabei por sorrir quando ela me fez o mesmo e olhei para a perna dela dando-lhe festinhas e massajando a mesma, até parecia que estava diferente. Bem, se calhar até estava. Ela agora conseguia andar mais ou menos. Agarrei-lhe na outra sorrindo com a sua pergunta - porque é que estás tão impressionada? - perguntei baixinho - as pessoas casam-se quando estão apaixonadas não é? - levantei o olhar para o seu e encolhi os ombros - o mérito é todo teu.

Eu sentia as minhas bochechas a ferverem, sim, no mínimo. Passei as mãos pelas mesmas, numa tentativa de as refrescar, e não consegui não sorrir. Assenti com a cabeça à sua pergunta e levantei-a para o conseguir olhar, sempre com o meu sorrisinho.
- É, e eu quero casar-me contigo.- disse baixinho, puxando uma almofada, que ajeitei debaixo da cabeça, para conseguir ficar a olhá-lo.- quero ficar contigo para sempre.- mordi a parte de dentro da minha bochecha e fechei os olhos com um suspirinho, por causa das suas massagens.

Sorri quando disse que era e assenti com a cabeça - então considera o pedido de casamento já feito - disse passando as mãos pelos seus pés, massajando-os melhor - já sentes mais? - perguntei - as minhas mãos - olhei para os seus olhos - As tuas pernas parecem mais fortes. - sorri-lhe.