Ethan Grant

Fechei também os olhos, tentando adormecer, mas estremeci mal ouvi a sua voz. Abri os olhos, olhando para ele e mordi o lábio com muita força por causa das suas perguntas.
- Desculpa..- pedi baixinho.- eu sei que não és maluco, eu sei, desculpa.- suspirei baixinho e senti os meus olhos a arderem, estava a odiar-me tanto.- eu acredito em ti, desculpa, eu acredito.

Mordi o lábio quando ela disse que acreditava em mim de novo e assenti muito com a cabeça, não me mexendo e fechando os olhos, queria dormir e esquecer isto tudo, a minha cabeça estava a latejar e sentia que já não aguentava mais. Agarrei-me ao seu corpo, enfiandoa minha cabeça na sua barriga e adormeci num instante.

Mordi o lábio com força enquanto o via assentir e deixei que se encostasse a mim, ficando a fazer-lhe festinhas no cabelo, deixando as lágrimas escaparem depois de o sentir adormecer. Eu não sabia como fazer as coisas. Eu acreditava na mãe dele, ou pelo menos ela tinha sido demasiado convincente, mas depois..eu não queria duvidar dele. Abanei a cabeça, passando as costas das mãos pelas bochechas e não me afastei para que ele não acordasse. Enfiei mais a cabeça na almofada, fechando os olhos com força e tentei também adormecer. Precisava de não pensar naquilo, nem que fosse só durante um bocadinho.

Abri os olhos de repente e olhei em volta, estava no meu quarto, no meu quarto frio que só ficava quente com Franckie, felizmente ela estava comigo. Encostei-me mais a ela, para que ambos ficassemos quentinhos e bocejei, tinha dormido bem e sentia-me melhor, mas assim que me lembrava do que Franckie tinha dito sentia arrepios por todo lado e não, não era de frio.

Abri um olho, voltando a fechá-lo no segundo a seguir e murmurei qualquer coisa imperceptível, antes de me agarrar mais ao corpo de Ethan. Pelo menos tinha conseguido dormir umas horas. Bocejei, acabando por abrir os dois olhos e vi-o já acordado.
- Bom dia..- murmurei baixinho. Ainda não me tinha esquecido de como o tinha deixado.

Levantei o olhar quando a vi acordar e sorri um bocadinho quando disse bom dia - Olá - disse baixinho e suspirei baixinho - queres ir dar uma volta ou ficar aqui? - perguntei passando as pontas dos dedos nas suas pernas, não sabendo se ela conseguia sentir ou não. - dar uma volta sem cadeira de rodas.

Levantei o olhar para ele e senti o meu queixo tremer só de me lembrar do seu estado ontem, por minha causa. Abanei a cabeça, respirando fundo, e depois assenti à sua pergunta.
- Sim.- murmurei.- pode ser.- disse mais baixinho e depois olhei-o com atenção. Eu acho que estava com tantos remorsos que nem me tinha apercebido bem da pergunta dele.- gostas menos de mim agora? - se antes já estava a falar baixo, agora a minha voz saiu quase inaudível.

Fiquei a olha-la e mordi o lábio por ela não parecer com muita vontade, encolhi os ombros olhando para baixo - ficamos aqui, não faz mal - disse passando as pontas dos dedos pela minha cabeça, que doía um bocadinho. Juntei as sobrancelhas com a sua perguntar e mordi o lábio abanando a cabeça - não. - disse baixinho.

Juntei as sobrancelhas quando ele disse que ficávamos no quarto e abanei a cabeça, sentando-me.
- Não, eu quero ir, podemos ir.- murmurei e suspirei depois de ele ter respondido à minha pergunta. Era impossível, depois do que eu tinha feito, eu sabia que ele estava triste comigo, só podia.- está bem..- disse muito muito baixinho enquanto assentia e comecei a esticar-me para a minha cadeira.

Antes de lhe conseguir dizer que era verdade apressei-me para a sua cadeira e puxei-a ligeiramente - não, sem cadeira - sorri um bocadinho e toquei-lhe na bochecha corada - eu amo-te - sorri um bocadinho - só quero que acredites em mim - encostei a minha cabeça à sua, olhando os seus olhos.

Endireitei-me assim que ouvi Ethan dizer que era sem cadeira e tentei aguentar-me em pé, encostando-me apenas ligeiramente à cama. Mordi a parte de dentro da bochecha com força depois de ele ter tocado nela e senti os meus olhos arderem quando ele disse que me amava. Eu queria ajudá-los aos dois, mas não sabia como o fazer sem ele ficar triste. Toquei-lhe com a pontinha dos dedos na bochecha e deixei-me estar com a testa encostada à sua, encarando aos poucos o seu olhar.
- Eu acredito.- disse baixinho.- eu acredito em ti.- senti o meu coração apertar-se, como é que eu ia fazer isto? - e eu também te amo.

Fui sorrindo aos poucos enquanto ela dizia que me amava e encostei-me a si antes de me levantar. - Ainda bem - disse baixinho, era o que eu queria, só queria que ela acreditasse em mim. Eu não era assim tão maluco, eu não inventava assim tanta coisa. Engoli em seco levantando-me depois - vamos.

Deslizei um dedo pelos seus lábios, delineando o seu sorriso e assenti, sentindo-me prestes a fazer um beicinho. Respirei fundo, impedindo-me mentalmente e esperei que se levantasse para me agarrar a ele depois, tinha medo de cair.
- Onde é que vamos? - perguntei baixinho.

Agarrei-lhe na cintura tocando-lhe na bochecha - não estejas assim Franckie - murmurei - eu sei que me amas - encostei a cabeça à sua - e eu sei que estás a tentar ajudar. - passei as pontas dos dedos pela sua cintura - e eu agora vou ajudar-te a ti, anda - virei-me na direcção da porta, agarrando-lhe apenas com uma mão na cintura.

Tinha a cabeça a mil, não conseguia parar de pensar numa maneira de o fazer encontrar-se com a mãe. Estava a dar em maluca, literalmente. Mordi o lábio com força enquanto o ouvia e assenti, encostando-me a ele.
- Amo mesmo.- disse baixinho.- mesmo muito.- respirei fundo, levantando a cabeça para a porta e voltei a assentir, andando devagarinho, ou tentando andar, a seu lado.

Eu assenti, eu sabia que ela o fazia, eu sabia. Apertei a sua cintura devagarinho andando da mesma força ao seu lado, ela estava a melhorar, mas tinha que ficar ainda melhor. Beijei-lhe a testa com um suspiro fechando a porta do meu quarto - com cuidado - murmurei olhando para o corredor à nossa frente.

Eu sabia que estava a melhorar, mas eu também tinha noção de que era tudo graças a ele e ao que ele estava a fazer por mim. Graças a ele voltar a andar já não parecia tão impossível, acho que nunca nada ia ser suficiente para lhe agradecer. Apertei a sua camisola com força, na zona das suas costas, para me ajudar a segurar, e encostei a cabeça no seu peito enquanto olhava para o corredor. Ainda tinha muito que andar.
- Para onde vamos? - perguntei baixinho. Eu não era muito alta, mesmo nada, mas tinha as suas vantagens, sabia bem estar assim.

-Vamos até ao jardim - murmurei e olhei-a com um meio sorriso, era um novo desafio para ela, desta vez nem tinha trazido a sua cadeira de rodas - mas vamos pelas escadas - disse mordendo o lábio - vais gostar, é divertido - encostei a cabeça à dela enquanto tentavamos andar até à porta de saída.

Arregalei os olhos assim que o ouvi dizer que íamos pelas escadas e foi como se as minhas pernas ficassem mais fracas só de pensar nisso.
- Pelas escadas? - murmurei baixinho.- eu não sei se..- abanei a cabeça com um suspiro e levantei o olhar para ele.- achas que consigo?

Apertei-a com força quando ela quase se foi a baixo e toquei-lhe na bochecha parando à frente das escadas - o teu medo é que te faz fraquejar - murmurei. - vais conseguir, conseguias sem mim se tentasses. - disse muito convicto - mas eu estou aqui por isso - encolhi os ombros - vais conseguir.

Levantei o olhar dos meus pés ao ouvir a sua voz e mordisquei o meu lábio, absorvendo cada palavra sua. Ele fazia com que eu me sentisse segura, era disso que eu precisava há muito tempo. Assenti, voltando a agarrar-me a ele e olhei para as escadas. Eu ia conseguir.
- Eu vou conseguir.- repeti baixinho, encostando-me ao seu corpo e respirei fundo.- vamos.

Abri um sorriso quando ela disse que ia conseguir e dei-lhe um beijinho nos lábios afastando-me depois, ficando apenas com a minha mão na sua cintura dando um passo para o primeiro degrau - pois vais, ainda vais descer isto primeiro que eu um dia - disse dando-lhe festinhas com o indicador - anda.

Sorri muito ao de leve contra os seus lábios e mordi o lábio com força assim que o senti afastar-se ligeiramente, vendo-o descer o primeiro degrau. Respirei fundo, agarrando com a mão livre no corrimão e fiz força para levantar um dos pés e pousá-lo no degrau. Fechei os olhos, tentando não me desequilibrar e fiz o mesmo com o outro pé, continuando sempre de olhos fechados.
- Consegui? - perguntei baixinho, apesar de achar que sim.

Sorri olhando para os seus pés, ela tinha conseguido com a maior das facilidades, na verdade até me tinha surpreendida - não, ainda falta mais - contei-os mentalmente - vinte e nove - fiz um sorriso inocente beijando-lhe os lábios - anda, tu consegues, só precisas de músculo para te começares a equilibrar

Abri os olhos quando Ethan disse que não e arregalei-os mal me disse quantos degraus ainda faltavam. Oh meu deus, eu ia morrer ali.
- Eu...- engoli em seco, passando a ponta dos dedos pela sua bochecha quando me beijou.- isso são muitos degraus, eu não vou aguentar.- olhei para eles e depois para as minhas pernas, respirando fundo.