Bar

Fiquei à espera da resposta e acabei por engolir em seco quando ela foi à minha frente. Olhei para ele e quando o vi sorrir apenas virei costas até chegar a Phoe e agarrar cuidadosamente na sua mão.
-Desculpa - pedi olhando-a.

Parei de andar quando ele me agarrou na mão e me fez parar. Levantei o olhar para ele quando me pediu desculpa e suspirei. Encolhi os ombros e voltei a olhar para o bar, para tentar perceber o que se passava lá, mas nada. Voltei a olhar para o King - Vais dizer-me o que se passa? Estou preocupada, King. - larguei a minha mão da dele e cruzei os braços no peito, à espera de uma resposta dele. Estava mesmo preocupada e odiava ficar sem perceber o que se passava.

Mordi o lábio quando encolheu os ombros e acabei mesmo por suspirar. Mas porque é que ela insistia? Passei as duas mãos pelo cabelo e respirei fundo enquanto a olhava.
-Eu não quero falar disso Phoe, não é nada demais - disse começando a andar devagar para fora dali de vez.

Fiquei a olhar para ele com atenção e abanei a cabeça quando ele me falou assim. Fiquei no mesmo sitio de braços cruzados quando me virou as costas e começou a andar dali para fora. Mas será que ele não conseguia perceber que eu estava preocupada com ele e que o queria ajudar? Pelos vistos não. Abanei a cabeça e continuei parada. Se era assim tudo bem. Ia deixá-lo fazer o que quisesse, já que ele não queria falar comigo nem explicar.

Quando percebi que ela não vinha ao meu lado e olhei para trás e a vi no mesmo sítio de braços cruzados fechei os olhos com força e respirei fundo duas vezes passando as duas mãos pelo meu cabelo, puxando-o para trás.
-Podemos ir lá para fora? - perguntei-lhe tentando falar normalmente.

Encolhi os ombros quando o ouvi e comecei a caminhar, passando à sua frente para sair do bar e dirigir-me ao exterior do edificio da clinica. Odiava estar assim com ele, mas odiava que ele não confiasse em mim ou o que raio se estava a passar.

Cerrei o maxilar quando ela começou a andar e não esperou por mim, por estar toda chateada e repeti os mesmos processos que da última vez.
-Anda cá - ouvi baixinho e olhei para onde Phoebe estava, para depois olhar na direcção da voz. O meu coração estava a saltar do peito, só faltava vomitar.
-O que é que queres? - perguntei.
-Tira-me daqui. - afastei-me assim que ouvi o seu pedido e abanei a cabeça desprezando-o por completo, até chegar ao lado dela.

Pisquei os olhos várias vezes quando senti as lágrimas a picarem-me os mesmos. Odiava tanto aquilo. Continuei a andar em silêncio e nem me importei se ele me seguia ou não. Queria era controlar-me para não chorar.

Quando consegui acompanhar o passo dela passei uma mão pelos olhos, esfragando-os e olhei-a. Estava chateada, isso era bem visivel.
-Não estejas assim comigo Phoebe - pedi-lhe. - Só não quero falar.

Parei de andar quando o ouvi falar e suspirei. Virei-me de frente para ele e encolhi os ombros - Eu sei que é dificil falarmos. Mas pensava que tinhamos ultrapassado isso. Pensava que já contávamos tudo um ao outro. Afinal enganei-me.

Quando ela parou, eu fiz o mesmo ficando a olha-la enquanto ela falava. Abanei a cabeça para lhe responder e juntei as sobrancelhas colocando as mãos nos seus ombros.
-Não é nada disso, eu confio em ti, só não quero falar disto agora.

- Agora.- repeti e revirei os olhos - Está bem. - cheguei-me para trás até que ele tirasse as mãos dos meus ombros e continuei a andar - Queres ir para onde? Para o teu quarto ou ainda tens fome?

Fiquei a olha-la e acabei por suspirar derrotado. Eu não lhe ia dizer, mas sabia que isto arrecadava consequencias e uma dela era mesmo ela chatear-se comigo.
-Podes respeitar as minhas decisões se faz favor? - pedi-lhe enquanto andava - não tenho fome.

- Que foi? - perguntei sem me virar para ele quando voltou a falar e eu mal o ouvi. Assenti quando disse que não tinha fome, de novo, e voltei a caminhar em direção ao quarto dele.

Fechei os olhos com força e abanei a cabeça.
-Nada, esquece. - disse olhando para o corredor dos quartos e abri a porta do meu, deixando-a aberta para que ela entrasse.

Ainda fiquei algum tempo à porta do meu quarto, mas ele estava fechado à chave e não estava ninguém lá dentro, tinham-na levado. Não tinha mais para onde ir, pelo menos não para onde eu conseguisse ir. Fui devagarinho até ao bar rezando mentalmente para não o encontrar, estava esgotado, em todos os tipos e maneiras. Estava cansado de tudo. Não conseguia parar de pensar em Phoebe, ela não me saía na cabeça, mas depois lembrava-me do que lhe tinha feito e só me apetecia matar. Ela odiava-me, e tinha razões para isso, sabia que mais tarde ou mais cedo aquilo ia acontecer, era só como se estivesse à espera que acontecesse. Agora já não ia cometer novamente o mesmo erro, o mais certo era mesmo ser só eu. Pelo menos não tinha nada a perder.

Quando percebi do que ela estava a falar fiz-lhe uma festinha na bochecha, beijando-lhe a testa, começando a sair das ruinas enquanto assentia - sim, eu vou falar com ela - encolhi os ombros, tinha praticamente certezas que não viriam, não falava de Glory, falava de Daniel. - Sim, e eu tenho mesmo fome.

- Eu sei que eles vêm. - disse com um sorriso confiante - Nos teus anos disseste que eles não vinham e vieram não foi? Então fala com a Anne e não refiles. - puxei-o para o balcão do bar para que pedisse o que queria comer - Eu não tenho fome por isso não te preocupes comigo. - sorri-lhe.

-Mas agora é diferente, eu neguei vê-los - olhei-a encolhendo os ombros, assentindo. Olhei para a senhora do bar que me olhava para mim, era nova e parecia um bocadinho medrosa enquanto me olhava. Ultimamente, nas semanas que andava afastado de Phoebe tinha aprendido a divertir-me a assustar pessoas. - Quero duas tostas minhas, uma tem manteiga, outra não. Ah e alface, pouco temperada - virei a cabeça para trás para não me rir e voltei a olhar a senhora com uma expressão bastante séria. Ela assentiu algumas vezes e quando desapareceu agarrei-me a Phoebe rindo-me baixinho. - Vais comer, a salada é para ti - murmurei - pelo menos alguma coisa no estômago precisas de ter.

- Eles vêm na mesma, King. - disse-lhe tendo a certeza absoluta disso. Levantei uma sobrancelha enquanto olhava para ele e a mulherzinha do bar e assim que ela desapareceu, virei-me para ele - O que é que tu andaste a fazer às pobres coitadas? - revirei os olhos quando disse que a salada era para mim mas nem valia a pena discutir com ele - Está bem, chato.

Assenti com a cabeça quando ela disse que eles vinham na mesma - eles gostaram de ti, principalmente o Daniel, se falar à Anne que também os queres ver, eles vêm de certeza - disse assentindo com um meio sorriso. Ri-me olhando para o bar - eu não andei a fazer nada -encolhi os ombros com um sorriso divertido - elas é que têm medo sem razão, pelo menos agora já podem ter. - toquei-lhe no queixo - assim eu gosto. - dei-lhe um beijinho.

- Então diz que eu também os quero ver. Eu quero que tu os vejas. - toquei-lhe no peito - Quero que continues assim feliz. - disse com um sorriso. Mordi-lhe o peito quando falou das empregadas e abanei a cabeça - És tão mauzinho, frango. - voltei a mordê-lo e encostei-me a ele - Já sei que não vale a pena dizer que não.

Assenti passando a mão pelo peito, onde ela tinha o dedo e puxei-a mais para mim, beijando-lhe os lábios - é o teu efeito - murmurei passando a mão pelas suas costas, deixando o braço estar à volta da sua cintura. - pois sou - assenti agarrando no tabuleiro que a senhora me deu - obrigado - fiz uma careta, não era suposto ter agradecido, tinha uma reputação a manter. Abanei a cabeça com um sorriso e comecei a ir em direcção a uma mesa, ao lado dela. - Não vale mesmo.

Sorri quando ele disse que era o meu efeito e estiquei-me toda até lhe beijar o maxilar. Ri-me quando ele fez uma careta por ter agradecido e abanei a cabeça - Não consegues manter esse ar de galo da capoeira. - sentei-me numa mesa vazia e atirei-lhe uma bolinha de papel - Eu sei, por isso é que já nem digo nada. És um chato.

Ri-me passando a mão pelo meu cabelo, puxando-o todo para cima - mas eu quero ser o galo na tua capoeira, galinha - toquei-lhe na ponta do nariz, agarrando depois numa das tostas minhas, começando a comê-la enquanto me deliciava, estava a morrer de fome. Encolhi os ombros quando me chamou de chato - vais agradecer-me um dia - fiz um ar todo importante sorrindo logo de seguida.