Quarto da Franckie

Levantei a cabeça para a olhar, dando-lhe uma festinha no braço e aproximei-me mais do seu corpo até encostar os nossos lábios com um meio sorriso.
-Acredito.

Sorri ao sentir a sua festinha e cheguei-me mais para ele, abraçando a sua cintura com os meus dois braços. Era fácil gostar dele, pelo menos para mim, e bastava que assim fosse. Olhei os seus olhos, sorrindo ainda mais quando disse que acreditava e passei as pontinhas dos dedos pela sua bochecha, beijando-o.
- Porque é que achavas que eu não amava? - perguntei baixinho.

Encolhi ligeiramente os ombros, encolhendo-me e sentindo o meu queixo tremer quando me comecei a lembrar de tudo o que tinha ouvido e visto. - Ouvi uma conversa - disse baixinho - ela disse que não me amava. Chegou a gritar-me a dizer que eu era uma desilução - encolhi-me em mim próprio. Os médicos diziam que tinham sido alucinações, que isso não tinha sido verdade mas eu sabia que era.

Juntei as sobrancelhas à medida que o ouvia falar e ao ver a sua carinha, senti o meu coração ficar apertadinho. Quem é que era capaz de lhe dizer aquilo? Ou melhor, como é que a sua mãe era capaz de lhe dizer aquilo? Abanei a cabeça, abraçando-me a ele e apertei-o contra mim.
- Porque é que ela te disse isso? - perguntei muito baixinho.- isso é mentira, tu não és uma desilusão.- abanei muito a cabeça e fechei os olhos com um suspiro.

Abracei-me a ela quando fez o mesmo e fechei os olhos engolindo em seco - e agora ela vem sempre cá, infernizar-me a vida - e apesar do medo, eu continuava a ama-la, era minha mãe, ainda me lembrava de lhe chamar mamã e de agarrar-me a chorar a ela porque a minha irmã me tinha roubado um chupa chupa. Sim, eu não era muito de agressões quando era pequeno, até me terem internado aqui.

Senti o meu coração apertar-se mais e mais e a única coisa que fiz foi abraçá-lo com mais força, mas sem o magoar. Eu só queria conseguir protegê-lo, de tudo e de todos, só queria que as coisas ficassem bem para ele, odiava vê-lo sofrer.
- Eu vou proteger-te dela.- disse baixinho.- dela e dos outros todos.- fechei os olhos.- eu tomo conta de ti, está bem?

Levantei a cabeça e fiquei a olhar os seus olhos azuis, eu gostava deles, conseguia ver por eles que ela gostava mesmo de mim, porque já a conhecia bem. Enfiei a cabeça no seu ombro de novo e assenti com a cabeça - sim, não quero ficar com mais ninguém, só contigo. - murmurei abraçando-me a ela com força.

Acabei por sorrir levemente ao ouvi-lo e apertei-o mais contra mim, aconchegando-nos nas mantas.
- Eu não quero afastar-me mais de ti.- murmurei baixinho.- vamos ficar os dois juntos, está bem? Eu também não quero ficar com mais ninguém.

Sorri assentindo muito com a cabeça para responder à sua pergunta. Fechei os olhos de novo e encostei-me muito a ela, estava de novo cansado, não sabia o que é que tinha feito, mas de certeza que não tinha dormido muito.

Toquei com um dedo no seu sorriso e acabei por sorrir também, aconchegando-nos nas mantas. Encostei-me a ele, encostando a minha cabeça à sua e estiquei-me até lhe dar um beijinho nos lábios.
- Vamos descansar.- murmurei baixinho.- estás cansado.

Sorri quando senti o seu beijinho nos meus lábios e estiquei-me mais para ela até a conseguir beijar mesmo. Assenti com a cabeça com o seu pedido, eu estava mesmo cansado, o meu corpo parecia uma pedra.
- Até amanhã - murmurei baixinho.

Cheguei-me mais para ele quando me beijou como deve de ser e acariciei a sua bochecha com as pontinhas dos dedos, roçando depois os meus lábios nos seus quando o beijo cessou.
- Dorme bem.- aconcheguei-o em mim, puxando as mantas.- amo-te.- disse-lhe ao ouvido.

Sorri quando a ouvi dizer que me amava e apertei-a contra mim, fechando os olhos com um suspiro - eu também Franks - disse baixinho sentindo os meus olhos pesar, e eventualmente adormeci, não sei bem quando ou se ela disse alguma coisa. Mas precisava de descansar.

Sorri toda parvinha ao ouvir o seu ''eu também Franks'' e aninhei-me toda contra o seu peito, completamente agarrada a ele. Podia ficar assim a minha vida toda, só e só com ele. Quando a sua respiração acalmou, percebi que tinha finalmente adormecido. Tapei-o melhor, dando-lhe um beijinho no peito e continuei quietinha, até adormecer, tal como ele.

Abri os olhos quando senti o sol embater-me na cara e resmunguei bem alto, detestava ser acordado principalmente quando dormia bem, que eram raras as vezes. Encostei-me mais a Franckie, sorrindo ao sentir o seu cheiro e beijei-lhe o pescoço, fecahndo de novo os olhos, enquanto esperava que acordasse.

Senti-me despertar um bocadinho quando ouvi um barulho e remexi-me ligeiramente, enfiando mais a cara no quentinho. Estava tão bem, acho que já não dormia assim há montes de tempo. Bocejei baixinho, abrindo os olhos aos poucos e encolhi-me assim que senti os seus lábios no meu pescoço.
- Bom dia.- saudei com um sorrisinho, agarrando-me logo a ele.

Sorri levemente quando a vi acordar e fechei os olhos quando se agarrou a mim, podia-me habituar àquilo. Já estava habituado a ela, mas tê-la assim tão feliz e intima comigo não era normal. Eu gostava. - Bom dia - murmurei encostando a cabeça ao seu ombro enquanto lhe dava festinhas nas costas com as pontas dos dedos.

Rodeei o seu pescoço com os meus dois braços, encostando a minha cabeça à sua e sorri toda parvinha, aninhando-me junto dele, para continuar quentinha. Não me conseguia esquecer do que ele tinha dito ontem. Ele amava-me, tal como eu o amava a ele.
- Dormiste bem? - perguntei baixinho, dando-lhe um beijinho no queixo.

Sorri quando vi o seu sorriso e assenti com a cabeça para lhe responder à sua pergunta - dormi como nunca tinha dormido - admiti beijando-lhe a bochecha e fechando de novo os olhos. Passei as mãos pelas suas pernas e apertei-as ao de leve - não quero ficar na cama - murmurei - achas que me vão obrigar?

Puxei as mantas mais para cima, escondendo a cara no seu peito e abracei a sua cintura, assegurando-me de que não ficava mais longe dele. Sorri quando disse que tinha dormido bem e espreitei apenas para o olhar.
- Eu acho que não.- murmurei baixinho.- tu já estás melhor, não estás? - fiz-lhe festinhas nas costas.- mas se eles obrigarem, eu fico contigo.

Fechei os olhos quando me deu festinhas nas costas e quando a tentei olhar sorri levemente assentindo com a cabeça - eu acho que sim - disse baixinho - eu não sei, eu nunca sei - suspirei encolhendo ligeiramente os ombros. Nunca sabia controlar-me, se estava mal ia sempre pensar que estava bem. Acho eu.

Afastei ligeiramente a cara do seu pescoço e estiquei-me para ficar mais ao menos à sua altura, mas sem o largar.
- Se quiseres eu falo com a Anne.- olhei os seus olhos.- se eles te obrigarem.- encolhi os ombros.

Abanei a cabeça muitas vezes quando disse que podia falar com a Anne e rodei-me para cima dela, olhando os seus olhos, começando a beijar a sua cara toda, com um meio sorriso - eu quero que fiques comigo, não quero que fales com ninguém - só eu sabia o medo que eu tinha de estar sozinho. Passei as mãos pelas suas costas e abracei-a.

Fiquei a olhá-lo, sorrindo muito quando veio para cima de mim e fechei os olhos ao receber os seus beijinhos, abraçando-o pelo pescoço. Agora sim, eu estava feliz, pelo menos porque agora já estávamos juntos outra vez. Estiquei a cara, dando-lhe um beijinho não sei bem onde, por estar de olhos fechados, e assenti.
- Eu fico contigo.- abracei-me a ele.- eu fico sempre contigo.- beijei-lhe a bochecha.

Quando ouvi a porta a abrir sentei-me rapidamente na cama ficando a olhar para a mesma com a respiração ofegante e de olhos arregalados. Uma enfermeira mais nova, arregalou também os olhos e abriu a boca não parecendo o que saber dizer.
-Eu devia ter batido à porta.