King Grant

Abanei a cabeça com o que me pediu - tu consegues adormecer assim, já estás quase em cima de mim - disse olhando para a janela, que estava do lado oposto dela. - Dorme bem. - tossiquei.

- Hm. - murmurei com um suspiro - Está bem. - encolhi os ombros e virei-me de costas para ele. Não valia a pena. Já me tinha deixado ficar ali e isso já era muito bom, mais era impossivel. Se calhar.. nunca mais iamos ser como antes. Engoli em seco e encolhi-me toda debaixo das mantas.

Engoli em seco quando se deitou de costas viradas para mim e respirei fundo com cuidado por causa das dores, fechando os olhos. Não podia fazer mais do que isto, não podia deixa-la entrar outra vez na minha vida, já estava a fazer demais, mas era por pouco tempo, tinha que me afastar aos poucos. Ela ia encontrar alguém, eu sei que sim.

Voltei a virar-me de frente para ele e olhei-o - É assim, King Grant. - falei tudo de uma vez antes que me arrependesse - Eu amo-te e não quero outro. Tu és bom para mim. Aquilo.. foi uma coisa do momento, nunca tinha acontecido antes. Tu avisaste-me, eu devia ter ficado e lutado por ti mas estava cansada das mentiras e dos segrdos. Eu amo-te. - disse devagar a última frase - E vou lutar por ti, nem que tenha de andar aqui a chatear-te para o resto da minha vida. - olhei-o - Obrigada pela atenção, já disse tudo. Estou a falar bem a sério. - voltei a deitar-me virada de costas para ele e fechei os olhos.

Olhei-a quando se levantou de repente, mas quando percebi que ia falar desviei o olhar, apesar de a estar a ouvir, bem demais até. Fechei os olhos durante uns segundos quando se calou e respirei fundo. Não era assim tão fácil, eu não podia magoa-la em todos os sentidos e depois voltar para ela, não me conseguia perdoar se lhe acontecesse alguma coisa por minha causa. Abri a boca para falar, mas só ia dizer asneiras, por isso desisti, virando-me de costas agarrado à minha almofada enquanto olhava para a janela meia fechada. - Dorme bem - murmurei novamente.

Suspirei quando o ouvi falar e passei as costas das mãos pelas bochechas antes que estas ficassem molhadas - Pensava que ias ganhar juizo e puxar-me para um beijo. - disse respirando fundo. Voltei a virar-me para ele e agarrei-o pela camisola, com cuidado por causa da ferida dele, só por isso é que não estava neste momento em cima dele - Eu amo-te, King. Fica comigo. - pedi-lhe antes de o puxar para o beijar.

Na verdade era isso que eu queria, era agarra-la e beija-la. Fiquei de olhos fechados durante uns segundos enquanto ela se virava para mim, e assim que senti Phoe puxar-me a camisola abri os olhos sentindo depois os nossos lábios colados. Agarrei no braço dela, primeiro para a puxar para mim, mas depois para a afastar. Queria tanto continuar a fazê-lo...
-Não faças isso Phoebe, pára, dorme e... até amanhã - murmurei afastando-me o mais que podia.

Suspirei quando ele me afastou e senti as lágrimas a picar-me os olhos - Meto-te mesmo assim tanto nojo? - perguntei vendo-o a afastar-se o mais que podia - Diz de uma vez, eu sei que sou nojenta. Sou assim desde criança. - mordi o lábio para o fazer deixar de tremer e abanei a cabeça - Não vou ficar contigo e não vou arranjar outro porque não há ninguém para mim. Já me devia ter apercebido disso.

Cerrei o maxilar e levei as mãos ao meu cabelo respirando fundo para não me passar já. Era por isto, era por isto que não queria aproximar-me dela, eu passava-me por tão pouco, já me conseguia sentir vermelho só com o calor que sentia.
-Não percebes que não é por nada disso? - perguntei sentando-me e de repente deixei de me queixar das dores - Eu não te mereço, sou eu que não te mereço, és demasiado boa para mim. - apertei os lençóis nas minhas mãos e forcei o meu corpo a mover-se para sair dali. - Pára de dizer isso sobre ti.

Abanei a cabeça enquanto me chegava para ele. Sentei-me em cima dos meus joelhos e afastei as mãos dele dos lençóis, agarrando nas mesmas - Tu mereces-me King. És tu que me mereces, não há mais ninguém. - toquei-lhe com um dedo no queixo - Como é que queres que eu diga outras coisas sobre mim? Eu preciso de ti e tu mandas-me embora.

Olhei para a mão que ela agarrava e tentei afastar-me enquanto abanava a cabeça com o que ela dizia. - Eu não te mereço, pára de dizer isso - pedi olhando para o lado oposto do dela - Não precisas de mim, não precisas de uma pessoa que não te merece. E eu não te mereço por seres boa de mais, não é por dizeres como és. Não és nojenta Phoe, quando sais à rua as pessoas não pensam no teu passado, há pessoas que não te conhecem e que te querem conhecer.

Pousei a minha mão na bochecha dele e olhei-o - Eu quero-te a ti King. - suspirei e mordi o lábio para tentar conter as lágrimas - Eu não te vou deixar. Diz que não me amas e eu deixo-te. Até eu saber que tu gostas de mim mesmo eu sendo.. assim, não vou desistir de ti. - cheguei-me mais para ele - Por favor não desistas de mim.

Abanei a cabeça tentando afastar-me dela, apesar de ser tudo o que menos queria. Apesar de saber que a única coisa que a faria fastar-se de vez ser dizer que não a amava mais, isso eu era incapaz de dizer. Amava-a mais do que tudo e era capaz de fazer tudo por ela. - já desisti - murmurei. - Agora dorme. - pedi-lhe agarrando-a pelos braços deitando-a na minha cama.

Abanei a cabeça enquanto ele me deitava na cama como se eu não passasse de uma criança pequena. Ele já tinha desistido de mim? Mas eu não ia desistir dele. Olhei-o e abanei a cabeça - Eu sei que queres fazer com que eu te odeie. King, eu não vou desistir de ti. Tu podes já ter desistido mas eu amo-te, não vou desistir de ti.

Voltei a deitar-me mais confortável e fechei os olhos passando as mãos pela minha testa enquanto ela falava. Não queria que ela me odiasse, mas isso devia ser a melhor coisa a fazer agora. Abri os olhos e olhei-a tirando-lhe o cabelo da cara - dorme está bem? - perguntei-lhe baixinho - eu vou tentar fazer o mesmo.

Suspirei enquanto me deitava como deve ser debaixo das mantas e me agarrava às pernas. Fechei os olhos para tentar dormir mas a verdade é que pela primeira vez em que estava ali com ele, também não conseguia dormir.

Fiquei de olhos fechados, agarrado à minha barriga por causa das dores que vinham agora e tentei adormecer, mas isso não aconteceu.

Duas semanas depois

Fechei a porta da casa de banho e olhei para a minha barriga tocando na zona da ferida, tinha ido tirar os pontos à dois dias, agora só estava um bocado rosado, não se notava muito. Agora que estava bem e que já me deixavam andar de um lado para o outro eu podia afastar-me de vez. O outro não tinha voltado da prisão, mas estava sempre sob observação e não se podia aproximar de mim. Eu já não tinha medo, quer dizer, tinha por ela. Se ele descobrisse que ela era o meu ponto fraco e a magoasse... Era isso também um dos porquês de ela se ter que afastar.

Abri a porta do quarto dele e mordi o lábio inferior quando não o vi. Devia estar na casa de banho a fugir de mim como fazia constantemente agora que estava melhor. Voltei a fechar a porta e enfiei-me na cama dele, agarrada à almofada com o nariz contra a mesma - Não quero saber. Não vou desistir.

Mordi o lábio quando ouvi a porta a fechar e fechei os olhos. Era impressionante em como é que depois de duas semanas eu me sentia ainda mais apaixonado. Isto era uma treta, nunca pensei que fosse assim tão forte e laméchico. Abri a porta da casa de banho olhando para a cama, onde ela lá estava.

Levantei o olhar quando ouvi a porta da casa de banho abrir e mordi o lábio quando o vi. Aquilo tudo, não desistir dele, cada vez me fazia ficar mais frustrada. Cada vez queria mais saltar-lhe para cima e beijá-lo, ser como antes. Eu amava-o tanto, não conseguia desistir - Olá. - murmurei.

Fiquei a olha-la durante uns segundos. Ela não tinha deixado de vir, nem quando lhe dava para trás ela desistia, não esperava que o fizesse tão cedo, eu também não o faria, até ela me dizer que não me amava mais. Mas eu isso não ia dizer, nunca, não lhe ia mentir à cerca disso.
-Olá - murmurei clareando logo a voz - vou comer alguma coisa - abri a porta para sair.

- Hmhm. - murmurei com um suspiro. Enterrei a cara na almofada dele e sorri quando senti o cheirinho dele. Fechei os olhos e enfiei-me debaixo das mantas com a almofada - Eu amo-te e não vou desistir. - murmurei toda abafada.

Fiquei ainda a olha-la à porta e suspirei com o que ela disse fechando a porta novamente. Fui até ao bar devagarinho, comprar uma tosta mista para ver se o meu estomago se entretinha com alguma coisa. Assim que a fizeram fui sentar-me sozinho vendo o outro ao longe, a olhar-me como se me quisesse fuzilar, mais tarde ou mais cedo ele ia querer vingar-se e ia conseguir, só esperava que nessa altura eu estivesse longe da vista de Phoe. Tinha que a convencer a sair dali, era o melhor.

Sai debaixo das mantas todas e suspirei enquanto olhava para a porta do quarto dele. Tapei a cara com a almofada e esperneei enquanto gritava, abafada com a almofada. Revirei os olhos quando me voltei a deitar quieta e normal - Estúpido, irritante, protetor, parvalhão. - dei socos na cama até me acalmar - E eu amo-te. - revirei os olhos - Amo-te tanto, rei dos frangos da capoeira. - acabei por sorrir e agarrei-me à almofada com força - Não te vou largar, nem que chore todos os dias por ti.

Não gostava dos olhares que todos lançavam, não sabia se tinha sido sempre assim ou se era por causa do que tinha acontecido, porque quando eu tinha entrado para a clinica eu tinha tido logo a companhia de Phoe para me ajudar a distrair, então nunca tinha reparado nisto. Talvez fossem só de agora. Mas não gostava, por isso levantei-me e fui de novo até ao meu quarto, vendo-a no mesmo sítio. Suspirei audivelmente e enfiei-me na casa de banho. Estava farto disto.