Esconderijo

Fiquei de olhos fechados a tentar regular a minha respiração que estava completamente descontrolada. Sorri quando o ouvi chamar por mim e abri os olhos para o olhar.
- Sou eu, franguinho.

Dei-lhe beijinhos pelo pescoço todo e saí de dentro dela devagarinho e de olhos fechados.
-Eu tenho que ir embora - disse baixinho - promete que vens ter comigo. - pedi encostado ao seu corpo.

Voltei a fechar os olhos com um suspiro e assenti com a cabeça - Eu prometo. Assim que eles me deixarem em paz e a ti, eu vou ter ao teu quarto. - sorri-lhe e inclinei-me até lhe conseguir beijar os lábios.

Assenti com a cabeça e sorri beijando-lhe os lábios por ter prometido - e acorda-me - disse baixinho - ando farto de dormir - puxei os meus boxers para cima e vesti-me tapando ao máximo as minhas marcas.

Estiquei-me para a minha roupa e sorri quando o vi a vestir-se e vi todas as marcas que ele tinha no corpo. Não eram poucas.
- Sim, eu acordo-te com beijinhos, não te preocupes.

Sorri voltando a sentar-me ao seu lado e beijei os seus lábios durante mais um bocadinho com um suspiro. Não queria deixa-la, era horrivel ter que me separar dela, ainda mais para isto.
-Assim vou acordar mesmo bem - sorri levantando-me.

Acabei de vestir a minha camisola que era a única coisa que faltava e levantei-me para o beijar de novo - Vais acordar, vais ver. - apontei para a saida com a cabeça - Tens de ir. Quanto mais rápido fores mais rápido vou ter contigo.

Suspirei baixinho olhando para a saída e levantei-me depois de um último beijo. Desci as escadas e voltei a subir as mesmas até ao bloco principal. Os médicos olhavam-me como se soubessem e assim que entrei no meu quarto um enfermeiro começou a arranjar as coisas, eu já nem perguntava o que era, era só uma, mas tinha que tomar ainda mais um comprimido. Davam sono, bastava.
-Au - queixei-me quando senti uma agulha enfiar-se no meu braço

Saí daquela sala a correr e saí para o exterior, procurei o esconderijo que tinha encontrado à algum tempo. Fui para lá e sentei-me no chão, elevei os joelhos e pousei a cabeça sobre os mesmos começando a chorar. Não queria ir embora dali, quer dizer... eu não queria estar aqui mas também não queria ir para outro hospital sabe-se lá onde. E a minha mãe tinha aparecido, e eu não queria... não queria falar com ela e não queria vê-la nunca mais. Só queria que me deixassem em paz.

Suspirei quando ouvi o meu telemóvel a tocar. Tirei-o do bolso e abri a mensagem que tinha recebido, não conhecia o número mas estava assinada com o nome da minha mãe. Dizia que ia-me embora dentro de dois dias mas que amanhã viria cá para falarmos melhor. Revirei os olhos e atirei o telemóvel para o meio do chão.

Fiz uma careta, ainda conseguia ouvir Regin apesar de estar um pouco mais à frente que ela. Quando percebi que eramos só os dois fiquei a olha-la com a mesma careta. Eu não ia fazer nada com ela, nem sequer a conhecia, nem queria. Apesar de ela ser gira. Eu não conhecia nada daquilo, apenas estava cá desde ontem à noite, pelo que me limitei a andar. Agora que não tinha caneta já não podia nem que fosse comunicar com ela, por isso tinha praticamente certeza de que ia embora. Pelo menos assim ela não pensava que eu ia...

Assim que o enfermeiro nos deixou ir à nossa vida, continuei a seguir o Oliver até ao esconderijo da clinica. Tinha uma breve ideia de já ali ter estado mas não me recordava quando nem a fazer o quê, era estranho. Devia ser aquilo dos dejá vú - Então, Oliver. - comecei para interromper aquele silêncio - A tua mudez estragou-nos os planos na biblioteca. - cheguei-me para ele e passei a pontinha dos dedos pelos seus braços - Mas podemos continuar. - disse com um sorriso.

Levantei o olhar para ela quando disse o meu nome e mordi a parte de dentro da bochecha sentando-me num banco que estava ali perto. Encolhi os ombros em resposta ao que ela disse, eu não queria que ninguém soubesse, não sabia bem porquê. Olhei para o seu dedo quando deslizou para o meu braço e acabei por puxa-la pelo pulso para que se sentasse ao meu lado. Uma das coisas que me tinham dito quando cheguei era que devia fazer amigos. Assenti quando disse que podiamos continuar. Sim, podiamos, desde que ela não abusasse.

Levantei uma sobrancelha quando ele me agarrou na mão e mordi o lábio inferior com um sorriso enquanto me sentava ao lado dele - Podias ser mais simpático e sentar-me em cima de ti. - apontei para o colo dele e encolhi os ombros. Continuei a olhar para ele mas rapidamente baixei o olhar para as minhas unhas, precisavam de um arranjinho - Agora não tens bloco, vamos comunicar como?

Olhei para as horas que tinha no meu relógio e mordisquei a parte de dentro do meu lábio, tinha que estar no meu quarto daqui a meia hora, não sei bem para quê. Podia dizer que me tinha esquecido, mas como é que eu dizia se nem falava? Revirei os olhos com o que ela disse procurando alguma coisa para que pudesse escrever. Apontei para as folhas, eu tinha-as trazido, só não tinha caneta.

Olhei para o pulso dele quando o vi a olhar para as horas e levantei uma sobrancelha - Espero que isso não queira dizer que me achas uma má companhia. - cruzei os braços no peito de amuo e encostei-me ao peito dele, encolhendo os ombros de seguida - Não faz diferença, não tens caneta, continuamos a não poder falar.

Olhei-a quando a vi de sobrancelha levantada e dei por mim a rir-me abanando a cabeça. Não sabia como é que tinha feito aquilo, mas tinha. Levei a minha mão aos bolsos tirando o lápis que eu tinha sempre no bolso, por causa dos desenhos, e mostrei-lhe abanando-o à sua frente. Mas, quando o encostei ao papel não foi para escrever mas sim para a desenhar.

Sorri quando o vi a tirar um lápis do bolso - Adoro homens prevenidos. - disse enquanto mexia as sobrancelhas - Não sei como é que ainda não engataste nenhuma. És giro, sexy, prevenido e calado. Ouves e nem respondes. És o homem prefeito. - levantei uma sobrancelha quando o vi muito sossegado e inclinei-me para ele - O que é que estás a fazer?

Não consegui deixar de sorrir enquanto a ouvia, ela era engraçada, apesar de atiradiça. Eu tinha medo de pessoas atiradiças, mas ela não me ia fazer mal, dava para ver. Levantei o olhar quando ela veio toda curiosa ver o que eu estava a fazer e revirei os olhos escondendo. Eu não era bom a fazer desenhos rápidos parecidos, mas era bom a fazer esboços identicos, depos acabava. Assim que ficou mais ou menos com forma comecei a deixa-la ver.

Revirei os olhos quando ele escondeu o caderno e voltei a sentar-me na relva, acabando mesmo por me deitar - Retiro o homem perfeito. És chato como qualquer um deles. - disse com um encolher de ombros e voltei a sentar-me de seguida. Sorri quando vi que ele me ia mostrar e arregalei os olhos - Tu estás a desenhar-me?

Em meia hora já tinha revirado os olhos mais vezes do que nestes meses todos, desde que não falava, normalmente não faiz nada, só olhava. Se calhar eles tinha razão e eu precisasse mesmo de um amigo. Ou amiga neste caso. Assenti com a cabeça quando me perguntou se a estava a desenhar, para depois voltar a encolher os ombros e tentar continuar o desenho. Não podia era deixar que ninguém o visse. Não gostava que tocassem nas minhas coisas pessoais. Sentei-me ao lado dela, na relva e fiquei a olha-la, mas percebi que aquilo era um bocado estranho, por isso apenas me deitei ao seu lado.

Levantei uma sobrancelha enquanto mordia o lábio inferior e deixei-me estar sossegada a olhar para ele - Porque é que me estás a desenhar? - um sorrisinho apareceu-me nos lábios antes que o conseguisse esconder - Afinal sempre concordas que não sou convencida, sou gira e sexy. - disse com um encolher de ombros.

Encolhi os ombros para responder à sua pergunta. Revirei-lhe os olhos abanando a cabeça, eu gostava de desenhar, tanto as pessoas bonitas como as feias. Ia levantar-me quando uma bola de rugby parar em cima do meu esboço. Sentei-me mais direito agarrando nela e mordi o lábio. Eu jogava futebol americano, não era igual, mas era parecido. Suspirei voltando a manda-la, mas aconteceu alguma coisa porque a bola não foi para onde eu queria, mas sim contra a cara de Regin. Arregalei os olhos e aproximei-me dela.

Levantei uma sobrancelha quando uma bola parou mesmo em cima do bloco do Oliver e levei a mão à cara quando ele me deu com a bola na mesma - Au! - guinchei enquanto me encolhia toda - Se não gostas de mim, é só dizeres. - revirei os olhos - Pronto, não faz sentido mas tu percebeste. não precisas de me bater.

Juntei as sobrancelhas mordendo o lábio e aproximei-me dela tirando-lhe as mãos da cara para ver onde é que a tinha magoado. Toquei lá ao de leve e suspirei mandando desta vez a bola para o sítio certo. Agarrei num novo papel e pedi-lhe desculpas em letras grandes, rasgando o papel e dando-lhe. Levantei-me e peguei na sua mão, puxando-a para que fossemos ao bar buscar gelo ou ela ia ficar com a cara toda negra.