Jardim

Quando nos começamos a afastar todos vi Daniel olhar para Glory e depois para mim e para Phoe - nós temos que ir - disse ele mordendo o lábio. -Nós também - fiz uma careta quando me lembrei que iamos jantar a casa do irmão de Phoebe - temos um noivado para ir.
-Vão casar? - perguntou Glory de olhos arregalados fazendo-me rir.
-Não, mas o irmão dela vai pedir a namorada em casamento.

Levantei-me da relva depois de nos afastarmos todos do abraço e ri-me com a pergunta da Glory - Não, quando nos casarmos vamos convidar-te. - toquei-lhe no narisinho e sorri-lhe, indo dar um abraço de seguida ao Daniel - Porta-te bem. - pedi-lhe com um sorriso antes de me afastar para deixar que o King se despedisse dos irmãos e eles dele como deve ser.

Ela sorriu toda contente com o que phoebe disse, era impossível eu não me rir ou sorrir com aquela miúda, ela era toda bem disposta e engraçada. Agarrei em Glory quando Phoebe lhe der um beijo e abracei-a sorrindo quando me deu um beijo na bochecha - vou pedir ao Dani para vir cá amanhã, eu gostei do jardim - disse ela baixinho ao meu ouvido. Ri-me colocando-a no chão depois de lhe dar um beijinho e Daniel aproximou-se de mim.
-Nós voltamos amanhã depois das aulas - disse ele fazendo-me sorrir e assentir com a cabeça.
-Está bem, eu vou ter convosco. - disse aproximando-me dele para o abraçar. As conversas com a Phoebe valiam por mil.

Sorri enquanto olhava para os três e o meu sorriso ainda aumentou mais assim que eles disseram que vinham visitar novamente no dia seguinte. Até o Daniel disse isso ao King - Nós vamos ficar à espera. - disse com um sorriso enquanto assentia com a cabeça - Até amanhã, portem-se bem. - encostei-me ao King depois de ele se despedir dos irmãos e dei-lhe um beijinho no maxilar - Voltam amanhã, nem vais ter tempo de ter saudades.

Olhei-os enquanto iam embora e olhei para Phoebe encostando a minha cabeça à dela - gostava de ir com eles - disse baixinho - e contigo - abracei-a com força de olhos fechados - obrigado por teres falado com o Daniel - murmurei - ele parece ter ficado muito melhor. - passei um dedo pela sua bochecha.

Agarrei na mão do King e comecei a puxá-lo para que entrássemos na clinica - Agora temos de ir com o meu irmão mas um dia destes podes pedir para ir a casa dos teus tios ver os teus irmãos. - paarei assim que ele me agradeceu por ter falado com o Daniel e abanei a cabeça - Franguinho, não precisas de agradecer. Eu falei com ele porque quis. E não disse nada de especial.

Abanei a cabeça fazendo uma careta, para além de não gostar de pedir aquele tipo de coisas, os meus tios não queriam saber de mim. A minha tia talvez, mas ela nem me tinha vindo ver, já o meu tio, era irmão da minha mãe, ele devia odiar-me. - Não, prefiro que venham cá - disse sorrindo levemente. - Não foi nada demais? Ele pediu-me desculpa - ri-me.

- Então pronto, eles vêm cá. - disse com um sorriso. Continuei a puxá-lo para que fossemos para o quarto dele. Ainda tinhamos de nos arranjar para logo, antes que o Oliver nos viesse buscar. Encolhi os ombros com o que ele disse e voltei a olhar para ele - Eu só falei com ele, não foi nada de especial. Mas fico feliz por a conversa ter dado resultado e ele ter mudado. Gosto de vos ver assim.

Sorri assim que vi o ar dele assim que chegámos ao jardim - Gostas de estar cá fora, também? - caminhei pelo jardim até me sentar num banco de madeira e apontei para que ele se sentasse ao meu lado - Eu não gosto de ficar muito tempo fechada num sitio. - disse com um encolher de ombros - E parece que tu também gostas. - disse-lhe com um pequeno sorriso e voltei a olhar para o desenho que ele tinha feito.

Assenti com a cabeça descendo umas escadas indo sentar-me ao seu lado. Era por isso que gostava de desportos que só dessem para fazer em espaços abertos, sentia-me mais livre e sem problemas. Agarrei no lápis que Roxanne me tinha dado e num bloco de notas que trazia do meu quarto e olhei-a perguntando-lhe como é que ela tinha vindo cá parar.

Olhei para ele assim que o vi a pegar num bloco e num lápis e cheguei-me mais na sua direção para conseguir ler o que ele estava a escrever. Assim que consegui ler a sua pergunta, encostei-me no banco e encolhi os ombros - Quando era criança fui raptada. Passei muitos anos trancada num sótão até ser descoberta pela polícia e quando fui para casa não estava normal. - voltei a encolher os ombros - Por isso os meus pais e o meu irmão acharam que o melhor era vir para aqui.

Fiquei a olha-la enquanto contava e acabei mesmo por suspirar agarrando-lhe na mão de novo, mas tive que a largar para escrever de novo. O que é que queres dizer quando dizes que não estás normal? Mostrei-lhe o papel sorrindo um bocadinho. Queria saber até onde ela sabia o que tinha .

Olhei para a minha mão assim que ele agarrou na mesma e sorri-lhe. Voltei a chegar-me mais para ele para ler o papel depois de ele escrever no mesmo e encolhi os ombros - Tenho muitos pesadelos com o que aconteceu e dores de cabeça muito fortes que me fazem perder os sentidos às vezes. - sorri-lhe ligeiramente - E tu? Ainda nem me disseste o teu nome.

Semicerrei os olhos com o que ela disse, ela não perdia os sentidos com as dores de cabeça, agora já percebia. Acabei por sorrir assentindo com a cabeça e levantei o olhar para o seu. Não sabia se queria contar, ela podia assustar-se. Olhei para o papel, escrevendo o meu nome verdadeiro, mas que ouvia menos vezes. Este nome era o simbolo de uma nova vida. Passei a folha para trás e olhei para aquela que estava em branco escrevendo como tinha vindo para cá, pelo menos o básico. Assim que lhe mostrei engoli em seco não querendo que ela fugisse de mim.

Baixei-me para apagar uma flor assim que o vi a escrever no caderno e quando percebi que ele tinha acabado, voltei a chegar mais para ele para conseguir ler tudo. Mordi o lábio inferior quando acabei e coloquei os meus braços à volta do seu pescoço para o apertar - Também passaste por muito. - disse baixinho - Não te preocupes. Se quiseres ajuda com alguma coisa podes pedir-me. - disse-lhe com um pequeno sorriso.

Olhei para os seus braços quando rodearam o meu pescoço mas percebi que era apenas para me abraçar. Fechei os olhos assentindo com a cabeça e agarrei na folha que tinha escrito ainda agora rasgando-a e mandando os papéis para o lixo que estava ao nosso lado. Sorri ao ouvi-la dizer que ela podia ajudar-me e beijei-lhe a bochecha como agradecimento.

Sorri assim que ele me beijou a bochecha e encolhi os ombros - Não te preocupes, podes vir á minha procura sempre que quiseres que eu ajudo-te. - apontei para o desenho que ele tinha feito durante a cunsulta dele - Desenhas muito bem. Tiveste aulas ou assim? - ri-me baixinho enquanto o olhava - Quem me dera passar as minhas consultas a fazer desenhos.

Sorri com o que ela disse e assenti com a cabeça, só precisava de ter a certeza que ela não era Roxanne, porque das outras duas eu gostava, não era que não gostasse da "tia" mas ela não me ajudava, tinha-me chamado maluco e fugido de mim. Olhei para o desenho que tinha feito dela e sorri negando à sua pergunta. Fiz uma careta escrevendo no meu papel que não era fixe, visto que me obrigavam a desenhar tudo o que eu sentia.

Coloquei a folha nas minhas pernas e passei a ponta dos meus dedos por todos os contornos do desenho, absorvendo todos os pormenores com muita atenção - Está mesmo lindo, tens imenso jeito. - disse com um sorriso - Ainda por cima se nunca tiveste aulas tens mesmo um dom. - fiz uma pequena careta com o que ele escreveu no papel e encolhi os ombros - Tens razão mas ao menos fazes uma coisa que gostas, isso já é bom. - deitei a cabeça no ombro dele e sorri.

Mordi a parte de dentro do lábio para tentar não sorrir demasiado ao ouvir o que ela tinha dito, mas acabei por fazê-lo como forma de agradecimento, voltei a olhar para o desenho sentindo-me ligeiramente orgulhoso, com tantos desenhos que já tinha feito dela já conseguia desenha-la sem a olhar. Encolhi os ombros quando comentou o que tinha escrito mas acabei por assentir sentindo-me ferver quando ela encostou a cabeça ao meu ombro. Fechei os olhos por uns segundos e acabei por deitar a minha cabeça em cima da sua ainda de olhos fechados.

Sorri assim que ele deitou a cabeça por cima da minha e cheguei-me ligeiramente mais para ele. Continuei a olhar para o desenho que ele tinha feito de mim e levantei o olhar para ele - És muito simpático. - disse-lhe ainda a sorrir - E apesar de nos termos acabado de conhecer, és o único daqui com quem me dou. - ri-me baixinho - Por isso acho que somos amigos.

Levantei a cabeça quando ela me olhou e sorri quando me disse que era simpático mas o meu sorriso ainda aumentou mais quando disse que eramos amigos, fazendo-me passar os dedos pela sua mão. Apetecia-me fazer uma coisa que não devia, mas que queria mesmo. Sentia que já a conhecia há mais de apenas alguns dias, acho que até a conhecia melhor do que a ela própria, mas os amigos não deviam fazer isso, por isso mantive-me quieto.
-Oliver, está na hora dos remédios - ouvi a minha enfermeira que apareceu do nada e me fez saltar no banco, com o meu coração a mil à hora.

Desviei o meu olhar para a minha mão e sorri quando percebi que o Oliver me estava a dar festinhas na mão. Voltei a levantar o olhar para os olhos dele, aqueles olhos azuis gigantes e desci lentamente o olhar para os seus lábios. Conhecia-o à tão pouco tempo mas parecia que já o conhecia demasiado bem e queria... não, não queria nada porque nós éramos amigos e os amigos não faziam aquelas coisas. Dei um salto quando ouvi a enfermeira e agarrei-me melhor ao desenho para não lhe acontecer nada - É melhor ires. - disse-lhe com um pequeno sorriso apesar de estar desiludida - Encontramo-nos depois.

Engoli em seco quando vi que me estava a olhar para os lábios, coisa que ainda me dava mais vontade de a beijar, só não o fiz por causa da enfermeira. Olhei para Piper com um ligeiro suspiro colocando a sua mão em cima da sa perna e levantei-me enfiando as mãos dentro dos bolsos das calças, não antes de lhe dizer adeus com uma mão. Não me apetecia nada, mas no fundo até era bom, assim não a beijava e não estragava as coisas entre nós.

Sorri assim que ele me disse adeus com a mão e fiz-lhe o mesmo, levantando-me do banco depois de o ver sair do jardim com a enfermeira. Não queria ir para o quarto por isso deixei-me estar por ali, a caminhar numa das zonas mais afastadas para que ninguém me chateasse, nem enfermeiros nem doentes. Mordi o lábio inferior e acabei mesmo por sorrir quando me lembrei do Oliver. Sentia mesmo que podia confiar nele e que já o conhecia bastante bem. Agarrei melhor no desenho que ele tinha feito e sorri.