Sala Comum

Agarraram-me nos pulsos e fizeram-me levantar. Olhei para a enfermeira que mais gostava de mim e ela sorriu-me passando-me a mão pela cara.
-Tem calma pequeno, elas já passam. - assenti com a cabeça tentando largar-me dos enfermeiros.
-Deixem-me ir embora - pedi assustado e consegui largar-me de um.

Entrei na sala comum e caminhei lentamente até um dos sofás, agarrei-me a ele e depois sentei-me com cuidado, respirei fundo tentando que a minha respiração se controla-se e voltasse ao normal. Tinha acabado de ter mais um ataque de pânico, não tinha sido muito forte desta vez mas era o suficiente para me deixar a sentir mal. Tomei os medicamentos que me tinham "obrigado" a tomar sempre que aquilo acontecia e fui para aquela sala apenas para não ficar fechada dentro das quatro paredes do meu quarto, parecia que lá fechada me sentia pior e a sufocar. Recostei-me para trás no sofá e fechei por momentos os olhos quando me comecei a sentir melhor.

Fiquei sentado no sofá a olhar pela janela para o jardim daquele manicómio. Não podia deixar ninguém aproximar-se do meu dinheiro ou estava tudo bem estragado. Levantei uma sobrancelha quando vi uma das malucas a sentar-se no sofá. Ao menos esta era gira. Mas era maluca, não fazia o meu estilo - Se vais morrer podes ir para outro sofá? - cruzei os braços no peito e olhei-a meio de lado.

Abri os olhos quando ouvi uma voz perto de mim e calculei que fosse para mim que estivesse a falar. Olhei o rapaz que estava sentado num outro sofá e fitei-o revirando-lhe os olhos. - Quero morrer neste, assim pode ser que depois deitam as culpas para cima de ti. - disse num tom um pouco irónico.

Revirei os olhos para a maluca e continuei a olhar pela janela para o jardim. Nem pensar em ter de partilhar o meu rico dinheirinho com um dos malucos dali - Posso sempre ter mesmo o prazer de te matar. Como é que preferes? Com uma faca ou uma serra elétrica?

Franzi a testa e depois arqueei uma sobrancelha. - Uhh que fixe, ele quer mesmo matar-me. - fiz um pequeno sorriso cínico. - Depois ainda dizem que a maluca sou eu. - fiz uma careta. - Já que és assim tão maluco mata-me da maneira mais macabra que possa existir. - disse como resposta à sua pergunta.

Fiz um sorriso engatatão depois de nem ouvir metade do que ela esteve para ali a dizer, e tirei o olhar da janela, virando a cara para ela - Eu mato-te só com a minha sensualidade, maluquinha. - pisquei-lhe um olho e recostei-me melhor no sofá, enquanto continuava de olhos postos nela.

Revirei os olhos ao que ele disse e sorri muito cinicamente. - Deves-te achar muito bom. - abanei a cabeça enquanto também tinha os olhos postos nele. - E não sou maluquinha. - acrescentei olhando-o desta vez com uma cara séria. Odiava que me chamassem de maluca pois eu não era maluca.

Encolhi os ombros descontraidamente e desviei o olhar dela para o jardim de novo. Não podia deixar de controlar aquela zona ou ainda ficava ali sem o meu dinheiro e lá se ia a fuga para o México.
- Eu não me acho, sei que sou mesmo. - sorri convencido - Se estás aqui és maluca, lamento, maluquinha.

Segui o seu olhar até à janela reparando que ele estava sempre a olhar para lá, mas não liguei apenas franzi ligeiramente a testa. - Ai é assim? - perguntei. - Então tu também estás aqui, por isso tu também és maluquinho sendo assim. - disse apontando-lhe um dedo.

Estiquei-me até ela e dei-lhe uma palmada na mão que ela tinha levantada para me apontar um dedo - Eu tenho falta de memória. - contrei-me para não sorrir. Sempre que ia falar com os médicos dava-me vontade de lhes rir na cara. Eram tão burros - Não sou maluco. Tu minha amiga, é que és.

Afastei a minha mão e fiz-lhe uma careta. - Hmhm. - assenti um pouco com a cabeça. - E quem te disse estou aqui por ser maluca? Não sabes o motivo de eu estar aqui... - acrescentei com um revirar de olhos.

Encolhi os ombros mais uma vez e recostei-me melhor no sofá enquanto a olhava de alto a baixo - Tens mesmo ar de maluca, por isso é que eu sei. - sorri-lhe e continuei com o olhar fixo nela - Tens visões? - apontei para um gajo que estava sentado na mesa à nossa frente - Ali o Fred passa a noite a ter visões também.

Respirei fundo. - Tens mais ar de maluco do que eu. - resmunguei já a ficar irritada com as coisas que ele dizia. Olhei para o rapaz para onde ele apontou e suspirei. - Não, não tenho visões e mesmo que tivesse não tinhas nada a ver com isso. - sorri cinicamente e cruzei os braços ao peito.

- Eu? - fiz um ar chocado e abanei a cabeça - A única vez que me chamaram maluco foi uma gaja na cama depois das coisas que lhe fiz. - assenti com a cabeça e sorri enquanto me lembrava. Encolhi os ombros e estiquei os braços - Que pena, estava a pensar em pedir-te uma previsão do futuro.

Fiz uma cara de nojo devido ao que ele disse e arregalei os olhos. - Dispenso saber esse tipo de pormenores. - revirei os olhos. Sorri e estiquei-me para a frente aproximando-me um pouco dele. - Isso não é muito difícil, da maneira que és não prevejo um futuro nada bom para ti. - esbocei um sorriso.

- Oh, eu estava a gostar de partilhas experiências. - revirei os olhos para ela quando se aproximou e coloquei as mãos nos ombros dela, empurrando-a contra o sofá de seguida - Olha que giro, eu não tenho visões e prevejo exatamente o mesmo para ti.

- Daqui a pouco estás a dizer que queres pôr em prática essas experiências. - revirei os olhos e encostei-me para trás no sofá quando ele me empurrou. - Olha que giro! Parece que vamos ter um futuro igual então. - disse.

Levantei uma sobrancelha enquanto a olhava - Meter em prática contigo? Eu gosto delas menos malucas, mais calmas. Não fazes o meu estilo. - sorri-lhe afetadamente - Que fofos. - disse irónico - E que romântico, maluca. - ainda nem sabia o nome dela mas contentava-me com 'maluca'.

- Quem te dera meter em prática comigo. - pisquei-lhe o olho e sorri. - Mas ainda bem que não faço o teu estilo. - encolhi os ombros e revirei os olhos ao que ele disse depois. - Muito romântico, maluco. - disse dando ênfase à palavra maluco.

- É o meu maior sonho. - ironizei. Cruzei os braços no peito e olhei para ela com uma sobrancelha levantada - Imitar os outros é feio. E o meu nome é James, maluca. - sorri-lhe cinicamente.

- Acredito bem que seja. - disse fitando os seus olhos, azuis que só por acaso, mas só mesmo por acaso eram bem bonitos. - E o meu é Brianna, maluco. - revirei-lhe os olhos.

Olhei-a com um sorriso quando a vi a olhar-me com mais atenção e pisquei-lhe o olho - Acho que estás é a falar do teu maior sonho. - atirei-lhe com uma almofada à cara - Brianna é nome de cão. Maluca é mais giro.

Fiz uma careta e agarrei na almofada que ele me atirou à cara. - E James é nome de estúpido, por isso maluco também é mais giro. - resmunguei e atirei a almofada de volta para ele.