Jardim

Olhei e ri-me. - Nunca vou admitir isso até porque não há nada para admitir. - encolhi os ombros e por fim chegamos aos corredores. - Não estou a ignorar nada e vou embora, até amanhã.

Revirei os olhos e encolhi os ombros - Adeuszinho. - fiquei a vê-la ir embora e bufei. A miúda era mesmo estranha, coitada. Era bonita mas tinha o cérebro bem pequeno. Ou então era daquelas santas virgens. Encolhi os ombros e fui para o meu quarto.

Assim que sai da clinica, dirigi-me para o jardim e sentei-me num cantinho onde ninguém me iria chatear, nem médicos nem outros pacientes. Pousei a bola do King na relva mesmo ao meu lado e deitei-me a olhar para o céu. Lembrava-me de fazer estas coisas em pequena com os meus irmãos, principalmente com o Oliver uma vez que a Joanna era demasiado bebé para poder estar sozinha connosco.

Quando saí da sessão apenas fui em direcção do jardim, onde tínhamos combinado. Fui para uma zona mais sossegado, aquele jardim parecia infinito, ainda lhe ia descobrir o fim e fugir. Ou não. Sorri quando vi Phoe deitada e fui na sua direcção - não me parece que te consigas defender assim - disse baixando-me e agarrando-lhe nos braços.  - Estavas feita menina - sentei-me atrás dela e puxei-a para que viesse par ao meu colo.

Virei a cara com um sorriso quando ouvi a voz do King e revirei os olhos - Não estava a pensar defender-me, estava a ver as núvens. - sentei-me no colo dele e sorri enquanto olhava para o céu de novo - Enquanto esperava por ti. - mordi-lhe o pescoço e sorri de novo - Como é que correu a consulta? - perguntei chegando-me melhor para o peito dele.

Encolhi o pescoço protegendo-o dos seus dentes quando o voltou a atacar e encostei a cabeça à dela, olhando também para as nuvens, encolhendo os ombros - normal - disse - como é que foi ver as nuvens? - perguntei com um meio sorriso. Agarrei na bola de rugby que ela tinha trazido e lancei-a para o meio do nada - busca Phoe, busca!

- Foram boas, deu para lembrar o passado. - revirei os olhos quando o King atirou a bola para não sei onde e falou comigo como se eu fosse um cão. Cruzei os braços no peito e sai do colo dele para me sentar na relva - Não. - disse com um revirar de olhos novamente. Voltei a virar a cara para ele, com os olhos semicerrados - Era suposto ensinares-me a defender-me, não tratar-me como se fosse uma cadela.

Ri-me quando ela me negou ir buscar a bola e levantei-me ficando a olhar para a sua cara de amuada, passando a mão pela sua bochecha. - Sim, era suposto - disse aproximando-me e agarrando-lhe no pulso fazendo um movimento rápido que a fez ficar de costas para mim e sem se conseguir defender, visto que as suas duas mãos estavam impossibilitadas. - Isto vai ser divertido.

Revirei os olhos quando o King me agarrou e me deixou sem conseguir mexer e tentei virar a cara para ele, para o olhar - Tu estás a adorar isto. - disse num resmungo - King, é suposto ajudares-me e ensinares-me a defender-me, não aproveitares-te disso para me dar porrada. Trazer ao de cima os teus desejos sofrimidos. - estiquei-me para ele para o tentar morder.

Ri-me baixinho e assenti - sim, estou mesmo - disse em relação a estar a adorar. - Não estou a dar-te porrada - revirei os olhos e fui-lhe largando os braços devagarinho para não a magoar. - Qual era a táctica que utilizavas para parar o atacante? - perguntei virando-a para mim puxando-a para a beijar e olhei em volta, se me vissem ainda iam pensar que a estava a magoar.

Assim que ele me largou, abanei os braços enquanto lhe semicerrava os olhos. Mordi o lábio do King assim que me beijou e fiz um sorriso, chegando-me mais para ele - Exatamente esta. Beijava-o e ele largava-me. - pisquei-lhe um olho enquanto tentava não me rir e meti-me em pé com um salto - Vá, ensina-me. 

Levantei uma sobrancelha - Ias beijar um agressor?  - nem sabia se isso resultava para mim quando estivesse a ter um dos meus brilhantes ataques. Provavelmente estaria tão furioso que não daria em nada. - Então - comecei a pensar no que lhe devia falar primeiro - a primeira coisa que tens de saber é os sítios onde tens que bater - ri-me - não é beijar o agressor - abanei a cabeça. - Podes bater-lhe na cara - encolhi os ombros - onde quiseres, aqui - apontei para uma zona do pescoço - nos joelhos no estômago e - apontei para baixo, para o ponto fraco de todos os homens.

Ajeitei o meu cabelo enquanto olhava para o King e assenti com a cabeça à medida que ele falava nos pontos fracos onde eu podia atingir - Beijar também pode resultar. Depois mordo. - mexi as sobrancelhas com um ar espertinho - Mas não te preocupes, só beijo agressores começados com K e com alcunhas de animais. - disse com um sorriso ainda maior.

Ri-me puxando-a para a beijar, mas logo me fui afastando olhando para a minha mão que agarrava de novo no seu pulso - quando uma pessoa te está a agarrar assim tu podes atacar os olhos, acho que é a coisa mais fácil de fazer, o nariz, o pescoço e o joelho - encolhi os ombros aproximando-me dela - Queres saber mais alguma coisa ou dar-me porrada?

Olhei para todos os pontos que ele enumerou e levantei o olhar para ele assim que fez aquela pergunta, o que me fez rir - Acho que agora te quero dar porrada. - mexi as sobrancelhas e cheguei-me mais para ele, dando-lhe um beijinho no maxilar - É a minha hora de vingança depois de teres estado a gostar de me maltratar. - estiquei a mão e dei-lhe um soco na barriga.

Semicerrei os olhos - olha que eu sei defender-me - avisei-a. Agarrei na mão dela, naquela que me deu o soco na barriga e virei-a até a colocar atrás das costas, claro que não a queria magoar por isso tudo o que fazer era o mais lentamente que conseguia. - Eu espero é que aprendas mesmo e uses isto em mim mesmo a sério. - olhei-a fazendo com que ela ficasse deitada no chão. - Quando for preciso - ela sabia quando.

Encolhi-me toda quando o King agarrou na minha mão e não consegui fazer mais nada a não ser o que ele queria que eu fizesse. Estava nas mãos dele, mal me conseguia mexer. Virei a cara para ele com o que disse e mordi o lábio - O problema é que acho que não te vou conseguir bater. Não a sério. Nem nessas alturas. - voltei a morder o lábio - Acho que não consigo. - repeti.

Larguei quando já estava no chão, com cuidado para não a magoar, e endireitei-me esticando-lhe a mão para a ajudar a levantar. Abanei a cabeça com o que ela começou a dizer - Tens que conseguir, não te estou a ensinar isto para mais ninguém. - disse com um suspiro - Eu preciso que conseguias. - puxei-a mais para mim.

Agarrei na mão do King e levantei-me, encostando-me ao peito dele de seguida. Rocei os meus lábios no seu maxilar e suspirei - Não sei, franguinho. - mordi o lábio - Não sei mesmo se alguma vez te vou conseguir bater. - disse com um suspiro, chegando-me mais para ele - Acho que não vou conseguir fazer-te mal.

Engoli em seco quando disse que nunca me ia conseguir fazer mal e afastei-lhe a cabeça para que conseguisse olhar para mim - mas eu consigo - murmurei - eu consigo fazer-te mal. Eu consigo matar-te. Tu tens que ser capaz de fazer o mesmo a mim. - baixei ligeiramente a cabeça na sua direcção. - Eu amo-te mas consigo - ela sabia que eu não era eu, mas conseguia e esse era o problema.

Agarrei na cara dele com as duas mãos para o fazer olhar-me e abanei a cabeça, metendo-me em bicos de pés para lhe conseguir chegar à boca - É mentira.. - disse baixinho - Eu sei que não me fazes mal.. não me consegues fazer mal. - mordi o lábio inferior e continuei com os olhos fixos nos dele - E eu não consigo fazer-te mal a ti.

Fechei os olhos durante uns segundos quando ela me agarrou na cara e se aproximou da minha boca e só os abri quando começou a falar. Não era mentira. - Eu já te fiz mal uma vez - murmurei - eu matei os meus pais - disse mais baixinho. Eu não me queria marterizar com estas lembranças todas eu só queria que ela compreendesse. - E eu amava-os. - passei as mãos pelas suas bochechas e dei-lhe um beijo nos lábios.

Fechei os olhos e suspirei enquanto me chegava mais para o King. Deixei os meus braços a rodear-lhe o pescoço e passei os meus lábios pelo seu maxilar, dando beijinhos pelo mesmo - Tudo bem. - murmurei com um suspiro - Então preciso de treino. Muito treino. Não consigo bater-te assim do nada. - olhei-o - Nem quando estiveres passado.

Deixei que se aproximasse abraçando-a com força e beijei-lhe a bochecha, começando depois a afastar-me para continuar a ensina-la. -Eu vou ensinar-te, depois vais ter que ganhar coragem para o fazer. - eu esperava estar a ensinar-lhe isto para nada, mas ao mesmo tempo, se acontecesse algo que ela tentasse defender-se.

Fiquei a olhá-lo enquanto se afastava e assenti com a cabeça depois de ouvir o que o King disse. Respirei fundo e voltei a assentir - Está bem, eu vou esforçar-me ao máximo. - mas o objetivo de lhe ter pedido aquilo não era de lhe bater a ele, era de me saber defender das outras pessoas. Não sabia se mesmo quando ele estivesse no estado passado ia conseguir tocar-lhe com um dedo para lhe bater.