Esconderijo

Assenti com a cabeça mordendo a parte de dentro da bochecha. - Mas eu preciso de ir embora - disse -tenho remédios para tomar e uma consulta - encolhi os ombros, se me descuidasse iam pensar que eu estava pior e eu queria que eles pensassem que estava melhor. Já conhecia os truques.

Sorri quando o vi assentir, mas rapidamente fiquei mais séria assim que disse que tinha uma consulta.
- Então vamos.- murmurei, olhando-o.- podemos voltar noutro dia, não faz mal.- disse com um leve sorriso, esticando-me até lhe dar um beijinho. O que importava agora era que ele lhes mostrasse que estava a ficar melhor, eles precisavam de saber disso.

Fiz uma careta por não me apetecer ir e levantei-me com ela ao colo levando-a até à sua cadeira. Desta vez, para sermos mais rápidos e para eu me livrar disto tudo da consulta, eu fui a empurra-la. - Devo contar aquilo que se passou ontem? - perguntei encolhendo-me ligeiramente - vão perguntar-me.

Agarrei-me bem a ele, ajeitando-me depois na cadeira assim que ele me sentou lá e olhei para cima, para ele, por causa da sua cara de quem não estava com vontade nenhuma de ir à consulta. Como eu o percebia, ir a consultas também não era de todo a minha coisa favorita de fazer. Estiquei uma mão até lhe conseguir tocar no queixo e fiz-lhe lá uma festinha.
- Vai passar rápido, eu vou estar no quarto à tua espera.- disse-lhe com um leve sorriso para tentar que ele ficasse mais descansado. Deixei que ele me conduzisse, ficando a olhar em volta e juntei as sobrancelhas quando ouvi a sua pergunta.- achas que se lhe contares, eles vão achar que não estás melhor? - perguntei baixinho, voltando a esticar a cabeça para o olhar.- eu não sei amor, é contigo, se achares que precisas de contar conta, se não..- encolhi os ombros.- podes sempre mentir.

Sorri levemente quando a ouvi dizer que ia estar à minha espera e assenti com a cabeça, apesar de continuar sem vontade nenhuma de ir. Parei quando ela disse que podia sempre mentir e abanei a cabeça - a minha tia disse que não estava melhor se mentisse - disse - e eu quero estar melhor.

Juntei as sobrancelhas assim que senti a cadeira parar e assim que olhei para trás, para ele, e ouvi o que ele disse, percebi do que se tratava.
- Ela tem razão.- suspirei, abanando a cabeça para mim própria.- não deves mentir amor, eu nem sei porque disse aquilo.- mordi a parte de dentro da minha bochecha com força.- conta-lhes, eles vão perguntar e é o melhor.

Sorri quando ela disse que a minha tia tinha razão e assenti com a cabeça, ela tinha sempre razão, acho que era a única pessoa sem ser Franckie a que eu dava realmente ouvidos. - Eu não vou mentir - abanei a cabeça recomeçando a andar na direcção do edificio - e eles vão ficar orgulhosos.

Fiquei a olhar para ele e derreti-me toda com o seu sorriso, era capaz de ficar horas especada a olhar para ele. Ele era tão..tão adorável, tão lindo, tão meu..só queria ficar com ele para sempre, poder olhar para aquele sorriso que ele tinha para o resto da minha vida. Eu não queria saber de mais nada nem de mais ninguém, só ele é que me fazia feliz, só com ele é que eu ficava boa. Assenti às coisas que ele dizia e estiquei uma mão até lhe conseguir tocar na bochecha.
- Eu também vou ficar orgulhosa.- murmurei.- aliás, eu já me orgulho de ti.- sorri-lhe.- muito.

Sorri quando percebi que o Oliver queria vir comigo e dei-lhe a mão enquanto caminhava com ele pelo jardim da clínica até ao esconderijo que foi o que apareceu primeiro. Puxei-o até arranjar um sítio sossegado e sentei-me no chão, puxando-o para que fizesse o mesmo ao meu lado - Ainda bem que és meu amigo. - disse com um sorriso enquanto o olhava - É bom saber que tenho pelo menos um amigo e é ainda melhor seres tu.

Olhei em volta quando olhei para o esconderijo e só parei de olhar aquilo tudo quando ela falou, desviando o olhar para ela. Sorri-lhe levemente levando a sua mão à minha boca e encostei-a a mim. Disseram-me para fazer amigos mal entrei aqui, e era o que estava a fazer, aliás, tinha muitas, visto que ela mudava de personalidade facilmente.

Encostei a minha cabeça ao ombro do Oliver e sorri quando ele me deu um beijinho na mão. Era mesmo bom estar com ele apesar de continuar a ser meio estranho bem, porque eu era estranha e haviam coisas que não percebia mas era bom saber que podia estar com ele à vontade que ele não tinha medo de mim nem nada do género - Podias era falar mais um bocadinho. - disse na brincadeira - Não importa porque eu gosto de ti como és, mesmo mudo. - estiquei-me para ele e dei-lhe um beijinho na bochecha.

Levantei o olhar mais uma vez para ela quando disse que podia ser mais falador e sorri levemente com um encolher de ombros. Acho que isto tinha-se tornado mais da minha cabeça do que propriamente um trauma. Queria falar e não queria. Estava tudo bem com ela assim porque é que haveria de falar? Sorri com o seu beijinho na bochecha e dei-lhe outro parando para me sentar algures por ali no esconderijo.

Assim eu o Oliver se sentou, encostei-me a ele e deixei-me estar a olhar em volta. Aquilo era giro e ali podíamos estar à vontade sem preocupações e sem medo de sermos apanhados e afastados por um médico qualquer - O único problema é como tu não falas, eu começo a falar demasiado. - disse com uma careta - E quando eu me ponho a falar não me calo e não digo nada de jeito.

Agarrei num pau que estava ao meu lado e olhei em volta olhando para o esconderijo onde estávamos, quando quisesse estar com ela e cá fora já sabia para onde a levar. Levantei o olhar para ela quando voltou a falar e encostei-me ao seu corpo com um sorriso, escrevendo com o pau, abreviadamente no chão de terra que gostava de a ouvir falar.

Deixei-me estar encostada ao Oliver enquanto ele escrevia qualquer coisa no chão e assim que acabou, desencostei-me dele para me conseguir esticar para a frente e ler o que ele tinha escrito. Sorri e voltei a olhar para ele - Não sei como, eu sou uma fala barato. - disse com uma careta - Acho que os médicos deviam era pôr-me fita cola na boca. - voltei a encostar-me a ele e ri-me - Acho que devíamos trocar. Tu falavas e eu ficava calada.

Sorri quando disse que era uma fala barato, ela era tudo o que eu não era então. Abanei a cabeça quando disse que podiamos trocar e virei a cara dela para mim passando os dedos pela sua bochecha e mal olhei os seus lábios nem hesitei em aproximar-me dela e beija-la de novo puxando-a assim para mim. Era impossível resistir-lhe.

Calei-me assim que a mão do Oliver veio parar à minha cara e o olhei. Mordi o lábio inferior com a sua festinha e baixei o olhar quando o vi a fazer o mesmo, a olhar para os meus lábios - É uma boa maneira de me calar. - murmurei baixinho antes de ele se chegar para mim e me beijar. Cheguei-me mais para ele e coloquei os meus braços à volta do seu pescoço enquanto aprofundava o beijo. Era mesmo difícil resistir quando estava com ele mas começava a perceber que era em relação a tudo. Até era difícil não falar com ele se o visse.

Aproximei-me um pouco mais de Piper deixando que a minha mão escorregasse no seu cabelo indo parar à sua nuca e levei a outra à sua cintura para que se encostasse a mim. Suspirei quando o beijo cessou e encostei a minha cabeça à sua bochecha ficando a olhar por uns segundos para o sitio onde estávamos e depois para ela, sorrindo-lhe. Agarrei no pão que tinha trazido limpando o que já tinha escrito e perguntei-lhe novamente em abreviado se ela gostava de mim.

O meu coração começou a bater mais depressa à medida que o beijo se ia desenrolando e sentia as mãos do Oliver no meu corpo, por todo o lado. Assim que nos afastámos, deixei-me estar uns segundos com os olhos fechados, ainda a pensar no beijo, nos beijos, em todos os beijos que já tínhamos dado. Quando voltei a concentrar-me, olhei para o chão e sorri com a pergunta dele - Pensava que já tinhas percebi, Oli. - estiquei-me para ele e dei-lhe um beijinho na bochecha.

Sorri com a sua resposta e encostei a cabeça ao seu ombro. Se ela gostava de mim já me chegava. Por mais cruel que estivesse a ser eu não conhecia a minha família, não queria estar com eles, eu gostava do meu irmão e da minha mãe, mas não queria trata-los como mãe ou irmão. Suspirei abanando a cabeça por estar tão confuso e levantei cabeça dando-lhe um beijinho na testa.

Deixei-me estar encostadinha a ele enquanto o via todo pensativo e sorri assim que me beijou na testa, o que me fez aninhar-me mais contra o peito do Oliver, se é que isto era possível - E ainda bem que também gostas de mim. - afastei-me dele de repente e olhei-o - Gostas de mim, não gostas? - perguntei meio a medo apesar de ter quase a certeza que a resposta era afirmativa mas mesmo assim.

Olhei-a quando me perguntou se gostava dela e sorri assentindo com a cabeça. Encostei a cabeça ao seu ombro e beijei-lhe o mesmo fechando os olhos. Eu sabia que por esta hora já devia andar toda a gente à minha procura para que eu tomasse os meus medicamentos para dormir, até porque já estava a ficar de noite. Suspirei abraçando-a com força para me manter ali, colado a ela.

Fechei os olhos e sorri com o beijinho do Oliver no meu ombro e encostei-me completamente ao peito dele, deixando-me estar assim sem pensar em mais nada. Abri os olhos e suspirei quando senti a minha cabeça mais pesada do que o costume e virei a cara para o conseguir olhar - Está a ficar escuro, é melhor entrarmos. - não era que eu o quisesse mas se as dores de cabeça tinham começado tinha de tomar a minha medicação e ele também tinha a dele. Para não falar que devia estar toda a gente à nossa procura já que eu era um perigo para a humanidade.

Assenti com a cabeça como a concordar com o que ela dizia apesar de ser a única coisa que eu queria fazer. Levantei-me sem vontade ainda a agarrar-lhe na mão e puxei-a para a beijar encostando-a a mim. Não me preocupava se os médicos nos vissem assim, eles não podiam trancar-me apenas por estar com ela pois não? Claro que não, isso não provava a minha insanidade.

Estava a começar a caminhar para entrar na clínica quando o Oliver me puxou para ele e me beijou. Sorri contra os seus lábios antes de aprofundar o beijo e passei a pontinha dos meus dedos pelo seu pescoço enquanto o fazia - Se as despedidas forem sempre assim, podemos separar-nos mais vezes. - estava a brincar como é óbvio, não precisava de ir embora para o beijar - Anda. - afastei-me dele meio a esforço e puxei-o para que entrássemos na clínica, infelizmente.