Sala de controlo de eletricidade

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Senti uma mão no meu ombro e afastei-me logo levantando-me e virando-me. Não era nada de surpreender, era ele.
-Vais ajudar-me ou não?
-Não. - respondi cruzando os braços. Ele cerrou o maxilar e agarrou no braço fazendo-me desiquilibrar e ir atrás dele não sei bem para onde. Olhei em volta vendo que estava numa sala onde só havia quadros de eletrecidade. Não deviamos estar ali. Dei meia volta para sair, mas ele não me deixou.
-O que é que queres? - perguntei-lhe cerrando o maxilar. - O que é que vais fazer desta vez?

Depois de fechar a porta e de se certificar que não saía começou a desligar as luzes e não só a todos. Tentei pará-lo, mas tal como tinha dito, fisicamente também estava cansado, aliás desgastado.
-Pára quieto -gritou-me já eu estava colado a uma parede com a nuca magoada.
-O que é que queres? Eu não te posso ajudar a sair daqui? É impossivel - gritei-lhe - só vais daqui para a prisão - era um pouco mentira, eu sabia como sair, mas nunca lhe iria dizer. Só havia luz na divisão onde estávamos e quando ele se aproximou senti uma ponta afiada no meio da minha barriga.
-Se não me ajudares - começou - eu deixo-te aqui fechado, numa morte lenta e dolorosa - ameaçou. Fiquei a olhar os seus olhos sem mudar a minha expressão.
-Não faz mal, não tenho nada a perder - disse, talvez a ser um pouco egoísta, mas já tinha combinado comigo próprio que agora era só eu. Notava-o irritado, estava vermelho e a mão livre tremia com a raiva que sentia. - Vá, mata-me - gritei-lhe furioso e ainda fui para lhe pôr as mãos ao pescoço, mas já só senti a minha carne ser perfurada.

Não sei onde é que ele foi parar, mas quando dei por mim já estava sentado no chão e sozinho. Passei a mão pela barriga enquanto tremelicava e tentei não gritar, mas aquela porcaria doía mais do que uma bala. Gemi caindo com a cabeça numa coisa macia, mas era apenas mais uma parede já não sentia nada como deve de ser.
-Nojento - cerrei o maxilar respirando fundo, mas não consegui por muito tempo porque as dores assim sim eram insuportáveis.
Estava quase a adormecer quando ouvi um baque e saltei com um gemido. Abri os olhos devagar e percebi que tentavam abrir a porta. Olhei para a minha mão e para o chão e pensei que talvez tivesse mais sangue que o normal, como é que eu ainda poderia estar vivo se já tinha perdido tanto. A porta ao abrir-se e quase caiu para cima de mim, mas pelo menos, tinham-me encontrado

Estava agarrada às pernas quando a Lisa apareceu no jardim com o telefone na mão.
- Menina, tem uma chamada da clinica.
Peguei no telefone e sorri-lhe como agradecimento. Pensava que tinha a ver com a minha saida de lá e ia dizer que tinham de falar com o meu irmão porque não tinha feito nada de mal quando percebi que era a Anne ao telefone.
Fiquei automaticamente preocupada e comecei a ouvir o meu coração a bater mais depressa. Deixou de bater quando ouvi dizer que o King podia estar mal e nem a deixei dizer mais nada porque atirei o telefone para o chão e entrei a correr para casa.
O Oliver tinha voltado a sair por isso a Joanna ficou a olhar para mim com uma cara preocupada enquanto eu pedinchava ao Taylor que me levasse de volta.
Assim que entrei na clinica a correr, encontrei a Anne que me levou por uns caminhos todos estranhos para um sitio onde uns seguranças tentavam abrir uma porta.
- Que se passa? - perguntei baixinho quase a chorar de novo.

Fechei os olhos mais uma vez e suspirei baixinho. Sinceramente nem me importava, podia ficar ali a morrer sem ninguém reparar que não me dava ao luxo de tentar sair. Assim até era melhor e tudo e a dor já nem era muito forte.
-King - ouvi uma vez que conhecia de algum lado e abri os olhos afastando depois a cabeça por causa de uma luz estranha que me cegou.

Tapei a boca com as mãos quando eles conseguiram abrir a porta e eu vi o King estendido no chão e sangue à volta dele.
- King? - chamei já aos soluços e tentei aproximar-me dele mas um segurança agarrou-me - King! - gritei enquanto me tentava soltar - Eu preciso de ir para perto dele! - gritei ao parvalhão que não me deixava.

Abri os olhos novamente quando ouvi uma voz e olhei para os lados, apesar de não conseguir ver nada a não ser pontos negros. Era ela... Fiz uma careta abanando a cabeça e fechando os olhos com força. - Têm que o prender - disse baixinho.
-Eu sei, eu sei - era Anne - não te mexas.

Voltei a sentir as lágrimas a escorrer-me pelas bochechas e limpei-as um bocadinho à bruta - King? - chamei baixinho quando o ouvi a falar com a Anne - Ele vai ficar bem não vai? - perguntei-lhe a ela..

Voltei a abrir os olhos e procurei-a com o olhar mais uma vez, mas nada. Parecia que estava cego. Suspirei baixinho deixando a cabeça cair para o outro lado, mas rapidamente me senti numa coisa mais confortável que o chão. Estava numa maca, ou numa cama, não sabia bem a quantas andava. Abri a boca para dizer alguma coisa a ela, mas não consegui, até a morrer me lembrava da última cena que tínhamos tido.

Recomecei a chorar e mordi o lábio inferior com força para tentar com que este deixasse de tremer. Fiquei a olhar para ele ali estendido e abanei a cabeça - King... eu não queria dizer aquilo. - o homem não me largava porquê? Só me apetecia bater-lhe..

Como assim não queria dizer aquilo? Agora estava mesmo a sonhar, porque só podia. Fiquei de olhos fechados e já não os consegui abrir mais.
-Vamos levá-lo agora. Alguém acompanha? - ouvi algures e senti-me adormecer aos poucos.

- Eu quero ficar com ele. - choraminguei enquanto olhava para a Anne - Por favor, deixem-me ficar com ele. - as lágrimas continuaram a escorrer-me pelas bochechas abaixo - Eu preciso de falar com ele..

Anne que não me apetece abrir outra conta*

Quase disse que ia eu, mas depois olhei para Phoebe e fiz com que o segurança a largasse e dei-lhe a mão assentindo com a cabeça.
-Vai com ele tu, dá notícias e tem cuidado - disse-lhe deixando-me ficar para trás.

Assenti com a cabeça quando ela disse aquelas coisas todas que eu nem prestei muita atenção e segui o King para onde quer que o levassem. - King... - chamei baixinho enquanto olhava para ele de olhos fechados.

-Temos que o levar para o hospital, é a menina que o acompanha? - perguntou um homenzinho que começava a ver os sinais vitais do Kingzinho. Como percebeu que era mesmo ela apenas a puxou para que entrasse na ambulância e fechou as portas batendo na janela para que começassem a andar o mais rápido possivel.