Ruínas

Enrosquei-me na camisola dele enquanto andava para fora da clinica com os olhos a ardem e o lábio inferior a tremer. Porque é que ele não me contava? O que é que custava?

Procurei por todo o sitio, até que me lembrei das ruinas. Comecei a correr na direcção das mesmas e quando entrei vi-a.
-Phoebe - chamei baixinho.

Entrei nas ruinas e sentei-me numa das janelas das mesmas. Puxei as pernas para cima e encostei a cara aos meus joelhos, deixando finalmente as lágrimas escorrerem-me pelas bochechas.

Engoli em seco quando a vi chorar e tive vontade de me bater. Devia morrer por causa disto. Fui devagarinho até ela e sentei-me ao lado dela enquanto a olhava.
-Desculpa. - disse baixinho.

Ouvi a voz do King atrás de mim e mordi o lábio inferior com força, para ver se este deixava de tremer, enquanto limpava à pressa as bochechas molhadas. Vi-o pelo canto do olho a sentar-se ao meu lado e funguei, encolhendo os ombros.

Mordi o lábio abanando a cabeça para mim próprio e suspirei esticando uma mão até pôr um bocadinho de cabelo atrás da sua orelha.
-Não é uma questão de confiança Phoe. Eu confio em ti.

Agarrei-me mais às minhas pernas e deixei o queixo nos joelhos, enquanto olhava para a frente. Fechei os olhos quando me meteu um bocado de cabelo atrás da orelha e suspirei - Então é o quê?

Desviei o olhar do dela e deixei a minha mão cair, encostando também o meu queixo aos meus joelhos olhando para uma árvore.
-É não querer falar do assunto para não piorar as coisas em todos os aspectos - murmurei. Para além de que quanto menos ela souber melhor é, ela não sabia de metade do que eu tinha passado na prisão e eu também não me sentia confortavel quando falava nisso.

- Hm. - murmurei apenas. Continuei naquela posição e comecei a balançar-me para a frente e para trás. Não chores. Não chores. Outra vez não. Assenti com a cabeça e encolhi os ombros mais uma vez - Está bem.

Olhei-a pelo canto do olho e suspirei ao ver os seus olhos todos cheios de lágrimas. Só fazia porcaria mesmo, nem a protege-la me saía bem. Passei as mãos pelos meus braços quando me arrepiei e agarrei na sua mão - vamos embora daqui, está frio. - pedi baixinho.

Voltei a fechar os olhos quando ele agarrou na minha mão e mordi o interior da bochecha - Porque é que queres que vá contigo? - perguntei sem o olhar. Não conseguia. Sabia que assim que o fizesse ia desatar a chorar - Para gritares mais comigo?

Levantei-me e estava a tentar ajuda-la a levantar quando a ouvi. Engoli em seco, cerrando o maxilar de seguida e larguei a sua mão, deixando-a cair.
-Eu vou lá para dentro - foi a única coisa que consegui dizer virando costas controlando-me para não fazer parvoíces e saindo dali. Que estúpido.

Assenti com a cabeça quando o ouvi e voltei a agarrar-me às pernas e a desatar a chorar quando percebi que ele se tinha indo embora e que estava ali sozinha de novo.
Mordi o lábio com força e fechei os olhos.

Voltei a limpar as bochechas e sai da janela das ruinas da antiga clinica. Arrastei os pés de volta para o edificio e enfiei-me dentro do meu quarto, o meu quarto nojento. Odiava estar ali. Podia já ter sido limpo mil vezes mas aquelas recordações do que tinha acontecido ali voltavam sempre. Abanei a cabeça e fui até à minha cama. Tirei o maço de cigarros de lá e estendi-me no parapeito da janela enquanto acendia um cigarro.

Sai a correr da clinica enquanto limpava as bochechas com alguma violença. Voltei a enfiar-me nas ruínas da antiga clinica e fui para um canto das mesmas, agarrando-me às pernas enquanto deixava as lágrimas e os soluços sairem à vontade. Eu tinha dito que o odiava e ele tinha-me magoado... Mordi o lábio inferior com força enquanto olhava para o jardim. Queria sair dali, queria sair dali e nunca mais o ver na minha vida. Sabia que aquilo era uma completa mentira, eu amava-o mas aquilo que ele tinha feito... Voltei a agarrar-me a mim própria e continuei a chorar.

Precisava de sair daquela clinica, não conseguia ficar ali onde sabia que ele estava, simplesmente agora não dava. Estava demasiado magoada com ele, com o que ele me escondia e com o que ele me tinha feito. Limpei as lágrimas e levantei-me para ir buscar umas coisas ao meu quarto.
Quando tinha vindo para a clinica, o meu irmão tinha dito que como o meu caso não era muito grave e como pelos vistos nem estes médicos me conseguia ajudar, eu podia voltar para casa a qualquer momento e ir lá quando me apetecesse. E era isso que eu ia fazer.

Ainda pensei em ir ao jardim como tinha dito, mas fiz com que ela desviasse o caminho e encaminhei-a para as ruinas, olhando em volta, aquilo continuava igual, não ia lá desde há algum tempo. - Mesmo assim Phoe, podes começar a gostar mesmo, eu quando comecei a jogar rugby pensava que não prestava para isso, até que fiquei conhecido. - olhei-a com um sorriso.

Sorri quando vi que ele nos estava a levar para as ruinas e agarrei-me mais para ele. Encolhi os ombros e puxei-o para nos sentarmos nas pedras que restavam da antiga clinica - Não sei, é estranho. Já não dou para isso. - olhei-o e ri-me - Estás a ver-me aos saltos e a fazer esparregata e essas coisas? Eu não.

Puxei-a para que viesse para cima de mim e assenti com a cabeça rindo-me enquanto a imaginava. Olhei para as suas pernas e passei por lá as minhas mãos, beijando o seu queixo com um sorriso - por acaso até estou. - abracei-me a ela enquanto me ria - ia ser bastante sexy.

Sentei-me em cima dele quando me puxou e ri-me. Encostei-me a ele quando se riu e me abraçou e abanei a cabeça - Não acredito. Já não ia conseguir fazer essas coisas e era estranho. - encolhi os ombros - Vais ter de arranjar outra que seja muito flexivel e faça essas coisas todas.

Abanei a cabeça e abracei a sua cintura, puxando-a mais para mim, fechando os olhos com um meio sorriso. Tinha saudades de estar assim com ela. - Não vou ter que arranjar ninguém assim, a flexibilidade ganha-se. - levantei a cabeça olhando os seus olhos - tenta - pedinchei.

Encostei a cabeça ao peito dele quando me puxou mais para ele e sorri enquanto olhava para o jardim. Tinha tantas saudades daquilo, de estar assim bem com ele. Dei-lhe um beijinho no maxilar e ri-me - Tento como? Achas que há alguma maneira de eu ir para chearleader? - abanei a cabeça.

Ri-me passando os dedos pela sua camisola, puxando-a enquanto me entretia a olha-la - Eu acho que há sempre chances, e tu quiseres - encolhi os ombros - se não quiseres, arranjas outra coisa - encostei-me a ela e beijei-lhe o pescoço - mas ia ser sexy, acredita -mordi-lhe a bochecha.

Baixei o olhar para a mão dele quando ma passou pela roupa e assenti com a cabeça a sorrir - Eu gostava mas não sei. - mordi-lhe o maxilar e ri-me enquanto saia do colo dele - Eu antes conseguia fazer a esparregata e pinos e essas coisas quando era pitinha. Agora não sei. - encolhi os ombros.