Sala das Visitas

- Tens alguma coisa a ver com isso? - perguntou ela com um revirar de olhos e cruzou os braços começando já a ficar impaciente.
Suspirei, estava na hora de pôr o meu plano em prática, era talvez a unica coisa que resultasse e não aguentava mais com ela ali. Agarrei-me ao James e comecei a tremer ligeiramente. - Acho que... - murmurei baixo e comecei a deixar as minhas pernas cederem. - Não estou bem... - encostei-me mais ao James.

Coloquei melhor o meu braço à volta do corpo da Brianna quando começou aos tremeliques e agarrei-a ao colo, ajeitando-a bem nos meus braços enquanto a levava para se deitar num dos sofás da sala de visitas - Ela fica mal só de ouvir falar em mudar, e você quer metê-la numa clinica onde se vai sentir bem pior e estar constantemente assim. - abanei a cabeça e fiz festinhas na testa da Bri. Aquele plano era tão ridiculo.

A minha mãe foi atrás do James quando ele me levou para o sofá e vi-a abanar a cabeça, parecia não acreditar muito naquilo no entanto conseguia ver uma pontinha de preocupação no seu rosto. - Ela fica na mesma bem noutro sítio... - disse sem uma ponta de certeza na voz. - Se calhar... não... - vi-a abanar a cabeça e começou a chamar por um enfermeiro.
- Acho que vou desmaiar... - murmurei, agora estava com medo que o enfermeiro se apercebesse que aquilo era tudo a fingir. Mas era bom eu ter medo... podia ser que assim tivesse mesmo um ataque...

- Ou então não. - repeti com um revirar de olhos. Aproveitei que a mulher tinha ido chamar um enfermeiro para me virar para a Bri - Não te descaias agora, minha. Ela está a acreditar e está quase a deixar-te ficar, é agora ou nunca.

Olhei também para o James. - Eu sei... - murmurei, quando desviei o olhar do dele vi a minha mãe vir acompanhada de um enfermeiro. - Oh meu deus vou mesmo ter um ataque. - murmurei começando a ficar toda nervosa e cheia de medo, e desta vez não estava a fingir.

Sentei-me no sofá para dar espaço ao enfermeira assim que ele veio com a mãe da Brianna e pousei os cotovelos nos joelhos, pousando de seguida o queixo nas minhas mãos enquanto a olhava estendida no sofá - Devia deixá-la ficar cá, é o melhor para a sua filha.

O enfermeiro aproximou-se de mim e pegou-me no pulso começando para ali a analisar-me ou lá o que era que ele estava a fazer. - Não a podemos deixar sair daqui neste estado. - ele olhou para a minha mãe. - Está a começar a ficar muito agitada e isso não é bom.

Cruzei os braços no peito e assenti com a cabeça, olhando para a bruxa velha - Como vê, eu tenho razão. Ela fica melhor aqui, e precisa de estar bem. - pousei uma das mãos na perna da Brianna e fiz-lhe uma festa - Bri, amor, vai ficar tudo bem, tem calma.

Fechei os olhos um bocadinho e torci mentalmente para que ela me deixasse ficar ali e que aquele plano estúpido como tudo resultasse. Assenti com a cabeça ao que o James disse e engoli em seco olhando para a minha mãe.
- Pois, já vi que não posso fazer nada. Vamos apenas... adiar as coisas por uns tempos, depois levo-te daqui. - disse olhando-me.

Voltei a olhar para a mulher e revirei os olhos - Tem de aprar de falar nessas coisas ou ela continua a sentir-se mal. - fiz festinhas na perna da Brianna enquanto o enfermeiro continuava à volta dela - Ela tem de estar calma.

Tentei manter a minha respiração regular o que estava a tornar-se difícil, estava a ficar nervosa apesar de ela ter dito que eu ficava aqui... por enquanto.
- Sim, já entendi isso. - a minha mãe resmungou olhando para o James, ela odiava que lhe dessem ordens ou coisas assim. Pois achava que tinha sempre razão.

- Está tudo bem, amor. - disse com um sorrisinho enquanto lhe dava festinhas na perna. Claro que eu sabia que o plano ia correr bem, era o meu plano, corria sempre bem. Por isso é que tinha assaltado um banco e ainda não estava na prisão. Tinha era de pegar no meu dinheiro e bazar dali depressa.

A minha mãe revirou os olhos enquanto olhava para nós e bufou chateada.
- Espero que não morras até eu voltar cá. - disse-me e sem dizer mais nada virou costas saindo de dentro da clínica.
Arregalei muito os olhos e olhei depois para o James. - Omg acho que conseguimos! - exclamei ainda sem acreditar que aquilo tinha resultado.

Levantei uma sobrancelha quando a mulher falou e voltei a virar a cara para a Brianna - Claro que conseguimos. Os meus planos são ótimos. - disse com um sorriso convencido. Levantei-me do sofá e ajeitei o meu cabelo - Bora, mexe-te. Vamos sair daqui.

- Teus planos? E meus também. - resmunguei dando-lhe um pequeno empurrão. Levantei-me a seguir a ele. - Eu preciso de ir tomar os meus medicamentos. - disse com um suspiro, aquilo tinha-me agitado e sempre que isso acontecia lá tinha eu de me ir encher de comprimidos.

Revirei os olhos e abanei a cabeça - Não sejas mentirosa, o plano era meu. - enfiei as mãos nos bolsos e encolhi os ombros - Vai vai. Eu vou comer que estou cheio de fome. - pousei uma das mãos na minha barriga que roncou.

- E era meu também. - resmunguei com cara de má. - E não sei que ideia foi aquela de fingires que eras meu namorado. - disse ainda em tom de resmungo. - Vai e não te engasgues. - dei-lhe umas palmadinhas no braço.

Revirei os olhos e olhei para ela - O plano foi meu e a ideia de ser teu namorado foi praticamente o que te salvou, por isso se queres continuar a ser uma mimada, já podes, a tua mãe já disse que podes cá ficar. - afastei-me dela e segui de mãos nos bolsos para o bar para comer alguma coisa.

Revirei os olhos e fiz cara de má. - Obrigada estúpido! - gritei suficientemente alto para ele ouvir enquanto se afastava. Suspirei e fui ao meu quarto.

Olhei para trás, por cima do ombro enquanto me afastava do quarto e suspirei baixinho. Odiava deixá-lo sozinho. Mordisquei o meu lábio tentando reprimir a vontade que tinha de voltar para trás e continuei a concentrar-me no caminho, para não ir contra nada. Eu tinha quase a certeza de que era ela, quem mais é que me viria visitar? Os meus pais estavam mortos, eu não tinha mais ninguém. Respirei fundo, à medida que me aproximava da sala de visitas e quando parei junto à porta, vi-a sentada num dos bancos. O que é que eu lhe ia dizer? Eu ainda não tinha conseguido. Engoli em seco, pousando a mão sobre a maçaneta e depois abri a porta, entrando.
- Queria falar comigo? - perguntei baixinho.

*mae do ethan*

Sorri quando vi Franckie a entrar e deixei que chegasse ao pé de mim para lhe dar um beijo na bochecha - olá - disse-lhe com um sorriso - como é que estás? - apertei as mãos uma na outra nervosamente - desculpa, precisava de te roubar por uns minutos. Não tenho nada para fazer e não queria ficar aqui a olhar para o nada de novo enquanto espero que ele reconsidere

No princípio fiquei sem saber se me devia aproximar ou não, ainda nem sabia como é que lhe ia dizer que não tinha conseguido nada, mas acabei por fazê-lo cautelosamente. Parei junto dela e já só senti o seu beijinho na minha bochecha, que me fez morder a parte de dentro da mesma. O problema era que eu gostava dela e queria ajudá-la, pelo Ethan, mas ele ficava tão perturbado que..Abanei a cabeça, retribuindo o beijinho e levantei o olhar para ela, ouvindo-a falar. Assenti quando terminou e ajeitei-me na cadeira.
- Estou bem, e você?.- dirigi-lhe um pequeno sorriso, para depois encolher os ombros.- não se preocupe, é bom receber visitar de vez em quando.- olhei para as suas mãos apertadas e senti também o meu coração apertar-se. Se eu ao menos conseguisse..

-Eu posso chamar por ti mais vezes se quiseres - Sorri levemente ao vê-la mais nervosa e abanei a cabeça - não estejas assim - disse endireitando-me na cadeira - eu não vim aqui para perguntar como é que vão as coisas, eu sei que ele é dificil, não deves ter conseguido nada agora - encolhi ligeiramente os ombros.

Levantei a cabeça de repente mal a ouvi dizer que me podia vir visitar mais vezes e juro que por momentos podia jurar que os meus olhos brilhavam. Nunca tinham feito nada por mim, era estranho mas ao mesmo tempo bom ouvi-la dizer aquilo. Mordisquei o lábio, abanando a cabeça para deixar de estar assim e encolhi os ombros.
- Não é preciso, não quero que se incomode por minha causa.- murmurei e assim que ela pareceu perceber o que se passava, eu mordi o meu lábio com força, só a olhando ao fim de algum tempo.- eu quero ajudá-la.- assenti.- eu disse que ia ajudar e eu quero.- repeti.- mas quando eu lhe falei em si, ele pensou que eu não acreditava nele.- engoli em seco.- eu quero ajudá-la, mas não quero que ele fique contra mim.- senti o meu coração apertar-se só de pensar.- eu vou ajudá-la.- voltei a assentir.- mas tem de ser devagarinho.

Sorri quando vi o seu olhar mas logo juntei as sobrancelhas - eu venho para aqui todos os dias, mais ou menos a esta hora - olhei para as horas - mas já nem peço para dizerem que estou aqui, não vale a pena, ele não me vem ver - murmurei apertando as minhas mãos umas nas outras. Até já me tinham pedido para deixar de vir porque só piorava o estado dele, engoli as lágrimas e voltei a olha-la. - por isso se quiseres - encolhi os ombros e assenti muito com a cabeça - eu sei, eu não te dei um prazo, eu sei que não é já num mês ou dois. Vai demorar.