Jardim

Parei quando ela disse que estava a ficar tonta e ri-me. Deitei-a na relva e fiquei a olhar para ela, não conseguindo conter o sorriso.
- Fraquinha.

- Não sou nada. - resmunguei e deixei-me ficar deitada na relva. Arranquei uns bocadinhos da mesma e atirei para ele. - Parvo!

Assenti com a cabeça enquanto ela me atirava bocados de relva e acabei por me sentar no chão também.
- Não, só és enjoada.

- Não sou nada. - olhei-o quando se sentou ao meu lado e empurrei-o para ele ficar também deitado. - Tu és esquisito demais, nada te agrada. - revirei os olhos. - Nunca deves ter tido nenhuma namorada porque nenhuma rapariga te deve agradar. - falei.

Ri-me quando ela me empurrou e me fez deitar na relva. Coloquei a cabeça em cima dos braços e fiquei a olhar para o céu.
- Dizes tu.

Continuei a olhar para ele e abanei levemente a cabeça. - Digo e tenho quase a certeza. - disse encolhendo os ombros.

- Não gosto de namoradas. - disse virando a cara para ela - Dão trabalho e são chatas. - encolhi os ombros - E não posso ter alguém que fique sentimental e se chibe toda à policia.

- Ainda bem para ti. - disse encolhendo os ombros. Revirei os olhos. - Se gostar de ti a sério não vai contar à polícia não achas? - perguntei.

- Se gostar de mim a sério pode pensar que me está a ajudar. - disse-lhe enquanto virava a cara para ela - O amor é estranho, bruxinha.

- Não vai ajudar-te se te pusser atrás das grades. - disse com um revirar de olhos. - Alguma coisa em que concordamos e não me chames bruxinha. - disse dando-lhe um leve empurrão no braço.

Encolhi os ombros e olhei para ela com um sorriso - As gajas são passadas, depois é o que acontece. - fiz beicinho e fingi que me tinha magoado quando ela me deu um encontrão - És tão bruta, bruxa má.

- Ah ah ah até parece. - disse fazendo um ar de gozo. Revirei os olhos quando voltou a chamar-me bruxa. - Se eu sou a bruxa má tu és uma princesinha em apuros. - gozei com ele.

Abracei-a com força enquanto andava quase de arrastão com ela, a vista era sempre a mesma, estava a ficar farto de estar aqui dentro, queria ir lá para fora. Mas não.. não podia. - Não penses - murmurei - desculpa, esquece o assunto. Eu estou contigo, está bem? - passei a mão pela sua bochecha.

Parei de andar para me encostar ao peito dele e rodear o seu tronco com os meus braços - Eu quero que tu acredites em mim quando eu digo que vamos sair daqui e vamos ser felizes com os bebés todos que tu quiseres. - olhei-o e suspirei - Até podemos tentar fazer gémeos se for o que tu queres. Mas não voltes a afastar-te de mim.. eu não aguento, King..

Fiquei a olha-la sentindo que podia começar a chorar a qualquer momento. Não conseguia acreditar, mesmo sendo ela a dizer.. Era demasiado bom, eu ia arruinar tudo. Mesmo assim assenti e abracei-a de novo com força - Eu não falo mais nisso - murmurei passando a mão pelo seu cabelo - não penses nisso, eu estou contigo.

Assenti com a cabeça e deixei a cara encostada ao peito dele enquanto o apertava com força contra mim - Eu sei. - murmurei com a voz toda abafada por causa dele - Eu amo-te e não consigo ficar sem ti. - voltei a murmurar com um suspiro. Já tinham bastado aquelas vezes, não aguentava mais.

-Não vais ficar sem mim - arrisquei-me a dizer. A verdade é que eu também não aguentava, mas era eu, eu não era importante, só queria o bem estar dela. Beijei-a assim que consegui, passando a mão pela sua bochecha e encostei-me ao seu ombro - só não quero magoar-te mais. Não deixes, por favor.

Abanei a cabeça com o que ele disse e continuei agarrada a ele para que não fugisse se se lembrasse de fazer isso - Tu não me fazes mal, tu fazes-me muito bem. - encostei o queixo ao peito dele e olhei-o - Eu amo-te, tu só me fazes bem. - estiquei-me até lhe beijar o maxilar.

-Magoei-te - murmurei - isso não é fazer bem - engoli em seco e abanei a cabeça - mas esquece - passei as mãos pela minha cara e depois pela dela com um sorriso - vamos namorar um bocado, nós precisamos - agarrei na sua cintura puxando-a para que se sentasse no meu colo no banco mais próximo.

Ia falar mas ele tinha razão, já chegava daquela conversa. Sentei-me no colo dele assim que me puxou para o banco e aninhei-me com a cabeça encostada ao peito do King. Dei-lhe festinhas no braço e sorri enquanto olhava para ele - Ouviste a Anne? Eu disse-te que eles te queria visitar. Devem estar a morrer de saudades.

Encolhi ligeiramente os ombros quando falou dos meus irmãos.
-Ela não tem sempre razão - murmurei - pode enganar-se desta vez - esperava seriamente que não, não queria ir a casa, mas se eles não viessem eu ia. - queria pedir desculpas por tudo.

- Eles estão a morrer de saudades tuas, tenho a certeza absoluta. - dei-lhe um beijinho no maxilar e aninhei-me no colo dele com a cabeça no peito dele. Levantei o olhar para ele e dei-lhe festinhas no braço - Não tens de lhes pedir desculpa, tens de estar com eles e ser um irmão fofinho.

Suspirei encostando-me mais a ela e abanei a cabeça, eu não era um irmão fofinho, eu tinha morto os pais deles, era tudo menos fofinho e querido, era tudo menos a pessoa que eles queriam ver. Não disse nada, iamos começar com uma das nossas conversas e não queria. - O Daniel vem por tua causa.

Continuei a passar a pontinha dos dedos no braço dele e dei-lhe um beijinho no pescoço, levantando o olhar para ele quando disse que o Daniel vinha por minha casa - E por tua causa também. - toquei-lhe no peito - És o ídolo dele, King. Apesar de ele estar todo revoltado, mas ele é um adolescente, é normal, ele venera-te e quer ser como tu. - mordisquei-lhe o maxilar - Também quer ser como tu para ter uma namorada como eu. - mordi o lábio para não me rir - Mas eu sou toda tua. - estiquei-me até à orelha dele e rocei os lábios na mesma - Apertadinha para ti, lembraste? - mordi o lábio e senti as bochechas quentes.

Levantei o olhar para o seu quando ela disse que eu era o idolo dele.
-Eu era - disse para a corrigir - deixei de ser a partir do momento em que... tu sabes - encolhi os ombros baixando o olhar para as minhas mãos, que estavam nas suas pernas. Sorri abanando a cabeça - só para mim, mesmo - levantei a cabeça para a beijar.